novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 27 de maio de 2012

FICÇÃO - Newton (texto UM)

Newton - Gödel, Escher e Bach

Três mais um? Igual a quatro? Talvez não. A resposta pode ser: milhares. Milhares de ideias, de cálculos, de imagens, de sons. Assim é com NGEB.
GEB nasceu de Hofstadder. NGEB renasceu comigo, graças ao Adonai, que me apresentou o professor Newton.
Com profunda humildade, ofereço e dedico este texto incompleto ao Da Costa. Nosso Newton brasileiro!

“Me dê um tema para uma fuga” Já havia pedido Bach ao rei.
Ao lembrar disso, Tartaruga, Gato, Aquiles e Caranguejo discutem sobre a beleza da música. Tartaruga e Aquiles relembram que já discutiram uma vez sobre beleza.
Havia dito a Tartaruga à Aquiles quando observavam a bandeira de Zenão e perceberam a beleza dela: “Estou pensando se esta beleza não se relaciona com a impossibilidade. Eu não sei; nunca tive tempo de analisar a beleza. É uma essência maiúscula; e eu nunca tenho tempo para essências maiúsculas.”
Já Newton comenta, ao ouvir a conversa deles: “Beleza é tudo aquilo que não é destruído pela repetição. Belo é resistente ao familiar”. Ao que todos se calam para pensar sobre isso.
Mas logo a Tartaruga propõe a Aquiles: “Vamos fazer nova corrida?” Para quem não sabe, eles já haviam discutido sobre corridas com Zenão. Pois mesmo com enorme vantagem dada à tartaruga, pelo paradoxo de Zenão, Aquiles nunca a alcançaria. Dessa vez Aquiles tenta ser mais esperto, mesmo dando a chance dela ficar bem à frente.
No entanto a Tartaruga é inteligente e mesmo sendo ultrapassada por Aquiles no alto do morro (que estava no meio do caminho entre saída e chegada) ela ganha. Como? Ora, ela propôs a corrida com o pôr-do-sol atrás dela. Ao passar pela tartaruga e descer o morro, Aquiles não tem mais sombra. Já a tartaruga fica parada no alto do morro e alega que parte dela chegou antes à linha de chegada: sua sombra. Newton considera que ela está correta, uma vez que a sombra de uma pessoa é uma parte mereológica dela.
“Não vale!” replica um Aquiles arfante de tanto correr. Proponho nova corrida, em um dia sem sol. A tartaruga de novo aceita. Mas desta vez, ao ser vencida por Aquiles no alto do morro, ela grita com todas as suas forças. Aquiles não entende isso e continua a correr, mas quando ultrapassa a linha de chegada descobre que de novo Newton deu vitória à tartaruga. Pois ele a ouviu antes de ver Aquiles. Assim, quem primeiro chegou foi a tartaruga (visto que a voz faz parte da pessoa). Aquiles desiste.
Newton alerta que não devemos desistir, pois as coisas nem sempre são o que parecem ser... ou que tem coisas a mais, além do que vemos. Ninguém consegue acompanhar o raciocínio de Newton, e ele apenas aponta para o desenho:
O Gato reflete: "Serdubo!" Aquiles pergunta: "ser adubo?"
"Não, eu quis dizer serdubo mesmo! Foi o que Escher sussurrou ao morrer e deixar cair a fita de moebius com as formigas."
"Eu não disse?? ser adubo!! Formigas!"
Susan se intromete no texto e colabora com a confusão: “Recebi Operações Sérias E Bonitas Um Dia” e complementa: "do professor Newton".
Mas enfim, o que eu quero mesmo contar é que:
Em uma noite que era meio manhã de final de tarde, alguns personagens estavam passeando na folha do lago que refletia a floresta, observando o peixe logo abaixo. Eles ouviam o vento, que fugia pelas folhas das sequóias, reproduzindo “Oferenda Musical - Ricercar a 6”.
Então o caranguejo faz uma afirmação meio louca: “Vocês perceberam que quanto mais subimos pelas sequoias, mais nos aproximamos do chão?” Newton faz uma cara de espanto e diz: “Claro! Estamos numa fita de moebius! Subir/descer podem fazer parte de um mesmo processo! Já expliquei isso na lógica paraconsistente (ou seja, perceber contradições e manter a lógica clássica. Para isso precisamos de uma lógica diferente da clássica, que aceite contradições. A lógica paraconsistente foi idealizada para tratar de problemas desse tipo".
"Huumm subir e descer! Disso eu entendo!" pensa o caranguejo.
O Gato se intromete na fala de Newton e complementa: “isso seria uma meia-mentira, ou uma meia-verdade? Do tipo de não sabermos qual a realidade?” Newton suspira: “verdade... Primeiro eu não sei qual é a realidade e nunca vou saber direito como ela é.”
O caranguejo deu de ombros, e ao ver isso o Gato disse: “você dá de ombros porque tem costas largas!” “Mais largas que as minhas são as do Newton”, retruca o caranguejo. Antes que todos perguntassem ao caranguejo o porquê daquela afirmação, ele aponta para a parede com sua garra e com voz esganiçada perturba o pensamento de todos:
“Vejam! Será mais um holismo e MU? O que será que significa isso?”
Todos param e observam a frase com interesse em decifrar.
“Uma sopa de irmãs Racon?” – arrisca o Gato.
“Não! Rã com irmãs” – afirma o caranguejo.
“Isso é paraconsistente” – sussurra Newton.
“Bah!” – gato e caranguejo esbravejam – “em tudo você vê paraconsistência!!”
“Não, amigos. Olhem de novo. Recombinem as letras...”
Com espanto, e com novos olhos, todos percebem: ISSO É PARACONSISTENTE.
Poincaré tenta contas e Carnap insiste na ópera. Contas e notas para sentir a cara e coroa no encontro da ostra Costa. Contente, persistente, ciente está na tetéia, no encontro consistente, no inconsistente. No contra. Tentar encontro entre as contentes notas e as tristes contas. As contentes contas, as notas tristes. Encontrar risos/riscos. Rotação tosca. Repara no treco: a troca. A síncope. Crosta para cratera. Tenso. Crise. O sino toca. A nota repete. O cetro corta. Conte, corte. O trato na rota. Pato para cisnes. Paraconsistente.
O gato fica atônito e diz: “eu sinto que estou aqui, mas NÃO estou aqui”. Newton olha para ele e reflete: “Nem mesmo o contorno do seu corpo é definido. Alguém a anos-luz daqui só vê uma mancha no lugar onde você está. Você é uma mancha de elétrons, e há elétrons escapando de você o tempo todo” Ele faz um gesto rápido com a mão, bem próximo ao gato e diz: “viu? Acabei de pegar um elétron seu” e ri.
O gato, para disfarçar seu embaraço com a situação (de ter perdido um elétron seu para Newton) comenta: “Uma vez você comparou a lógica paraconsistente com as mulheres, não é?”
A tartaruga confirma:“sim, eu lembro! Achei tão bonito isso!” Já o caranguejo sussurra entre dentes (como se os tivesse) não tão baixo que todos não possam ouvi-lo: “e algumas mulheres acham isso bonitinho. Tomam como elogio! Que tontas! Não percebem a ironia da coisa!”
A tartaruga se defende: “não é nada disso. Você não entendeu o que Newton quis dizer porque é homem!” O caranguejo esbraveja: “Duvido que não entendi! Não é, Newton?” Newton pensa alto: “a atividade racional é uma atividade de permanente dúvida, de permanente crítica, de permanente aproximação” complementando seu pensamento para si: “uma das coisas fundamentais que o educador deve incutir na cabeça da pessoa é a capacidade para duvidar. Não aceitar nada sem antes passar por uma pequena dúvida” e diz em voz alta: “Hã? O quê? Eu estava pensando em voz alta.”
O caranguejo fica impressionado com isso e, faceiro, afirma: “Ora, para tirar as dúvidas, basta usar um livro!”. Ao que Newton replica de imediato: “livro não é para usar! Livro é para SUAR!”
Aquiles, o Caranguejo, a Tartaruga e o Gato olham para Newton como se não tivessem entendido a frase. “Suar?” ecoa no pensamento de cada um deles.
Percebendo que eles não o compreenderam, Newton diz: “vou ensiná-los a filosofar”. “Ah, é?” indagam em uníssono os quatro. “Sim! Provem que vocês existem” os quatro respondem: “Bem, nós estamos aqui, conversando”. “Mas isso pode ser um sonho, se vocês não provam a lógica disso, não tem” e assim foi... Lógico, ou melhor, claro que nenhum conseguiu provar com lógica que eles existiam.

Aliás, nem sei se este texto existe. Então vou ouvir um pouco de Bach...

(imagens de Escher e foto do professor Newton: retiradas da Internet. Desenho/montagem: agradecimento especial ao Adonai Sant'Anna pelo trabalho fabuloso em juntar as quatro grandes personalidades). Texto inspirado em dois livros: "Gödel, Escher e Bach" - de Hofstadter e "Newton da Costa" - organizado por Adonai Sant' Anna. 

FICÇÃO - Ora direis, ouvir baratas



BARATA PARACONSISTENTE


A barata sobe a parede
escorregando cada vez mais.
Quanto mais se
aproxima do chão,
mais se acerca do teto.
Outras vezes, ela entra em
túneis ainda não construídos,
passeia por mares
nunca dantes navegados,
e faz todas estas coisas
permanecendo na mesma parede.
Além disso, ela é vivípara.
Etc., etc.


Que absurdo, como pode
existir uma barata assim?
Ora, em certo sentido qualquer
barata, ou melhor,
a espécie das baratas, é eterna.
A barata já andava pela terra
muito antes de nós,
e ainda estará aqui
quando desaparecermos todos.
Acrescento que a barata de que falo
é uma barata especial.
Além das propriedades essenciais
de todas as baratas reais e possíveis,
ela possui a característica
de ser paraconsistente.
É uma barata
inteiramente paraconsistente,
pelo menos uma vez por semana.
Logo, pode tudo...

(poema de Lars Eriksen - Livro: Paraconsistência. São Paulo: ed. Aleph, 2000.)



REAL - meus amores

A cada noite levo um para a cama...

sou volúvel...
Mas meu amor maior é Cortázar!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

FICÇÃO - Estranhos bichos que flutuam

Quem me conhece sabe do meu amor
pelos felinos desde pequena,
quando saia para andar de bicicleta
e - para "alegria" de minha mãe - chegava
com algum bichinho abandonado.
Foi assim que tive diversos gatos em minha vida...

Amo o fato deles viverem de uma forma que eu adoraria...
 (pelo menos por uns dias)
Acho-os bichos estranhos que flutuam.
 
Invejo o equilíbrio que eles conseguem ter...
Admiro o fato deles saberem ler outras linguagens...
Até acho bonito o ciúme que eles têm...
Por vezes acho que eles são de outro mundo...
Admiro a capacidade de "desaparecerem"...
(ache o gato)

a capacidade de se "amoldarem" às coisas...
o fato de adorarem livros...
Enfim...



caso eu tenha gato de novo e compre um carro..
sempre o levarei para passear comigo!
hehe
(todas as fotos retiradas da internet, caso saibam a autoria, me avisem!)





domingo, 13 de maio de 2012

REAL - Li bé lu la - Peso Leve


Peso leve

Leveza, liberdade.
Um dia me disseram que liberdade é cavalgar no ar. 
Mas me pareceu tão pesada a própria palavra cavalgar.. que prefiro dizer:
“Liberdade é libelular no ar...”
 Balançar levemente no ar, deixando-se planar na liberdade.
Desde criança me fascinou este inseto tão longo, 
tão vibrante, tão furtacor.
Lembro até hoje de um dia especial (ainda morando no Ahú de Baixo) e indo com minha irmã até a panificadora para comprarmos pão, que minha mãe havia pedido.
Uma libélula cortou meu caminho e levou consigo meu olhar de jabuticaba. Parei. Fiquei admirando seu voo gracioso.
 Já adulta, poucos anos atrás (na praia), vi uma "liberdade" na tela da porta. Fotografei.
   (foto: Susan Blum - janeiro de 2010)
E ontem, após conhecer o artista Dala Stella no Paço da Liberdade (coincidências?), na manhã de autógrafos de um amigo em comum: Paulo Venturelli (uma libélula humana de aventuras), visitei o seu blog e encontro o quê?
 (arte de Dala Stella - blog do artista: http://www.dalastella.blogspot.com.br/)
 Ah! Louca vida alada, que balança suas asas, libertando libélulas em meu caminho.  

Curiosidades: O nome dela vem do Latim libella, diminutivo de libra, “balança”.  No nosso dicionário temos o verbo librar, que significa “sustentar-se no ar, colocar em equilíbrio”.  (as duas primeiras imagens foram retiradas da internet)

sábado, 5 de maio de 2012

REAL - Músicas ADONAI SANT´ANNA II ...

Não é de hoje que comento as músicas de Adonai Sant´Anna II.
Mas vou "compilar" as minhas favoritas com alguns comentários...
(clique nos títulos para aparecer nova janela com os vídeos)
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esta música sempre me faz VER o tempo passando, em lufadas de sons vibrantes... indicando que temos que viver ... o agora... o agora... o agora... o agora...


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Título que (para bom entendedor) brinca com ele mesmo. Esta música mostra a vida vibrando de forma suave e lenta, produzindo acordes que nos acordam aos poucos...
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As notas musicais parecem acariciar cada fio de meus cabelos. Desatando nós de angústia. Acalmando a alma...
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Esta sempre me lembra uma caixinha de música... o amor entre duas velas foi muito bem realizado! Adoro!

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Amo esta música pelo estilo diferente, pela melodia, mas também pela mensagem do vídeo. (curiosidade: um colar meu aparece aqui.. hehe)
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Um belíssimo som hipnotizante...
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Nestas duas últimas eu sou suspeita para falar, (já que é a minha voz que aparece) mas adoro ambas!! Prestem atenção na MÚSICA!
Minhas raízes falam mais alto... uma batida diferente me traz na garganta vozes alternadas...

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Luta contra a pirataria!! Estou nesta luta!

E tem muitos mais vídeos por lá... procurem: Adonai Sant´Anna II