novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 30 de outubro de 2011

FICÇÃO - Icaro (texto e imagem)

Mais uma vez apresento uma fotografia de Sergio Sade e procuro poetizar o já poetizado. 

ICARO

                                O voo valeu a queda?
                               O vento evocando velozes desejos
                               Flui, vagando, flanando...
                               Afoito eventual
                               Um vulcão no céu.
                               Um vulto vermelho
                               Pincelada de Van Gogh
                               Vaza pelo azul.
                               Advertência.
                               O voo valeu a queda?
                               Pai... preciso do perdão.
                               Perdoo, abençoo
                               Vermelha vontade que risca o céu.
                               Liberto, expresso, criativo.
                            “Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?”
                              Voluteando lutas internas,
                              Aventurando-se em vidas
                               Inventa a sua vida
                              Liberte-se dos labirintos lúgubres
                              O voo valeu a queda?
                              Viver à sombra ao ou sol?
                              Voando vontades
                              Levanta voo
                              Levanta vocação/coração
                              Ascensão vertiginosa
                              Uma voltagem vermelha.
                              O voo valeu a queda?
                              Vociferando, vertiginoso. 
                              Voraz, faminto.
                              Queda. Um enjoo.
                            Não estás petrificado e preso como Laocoonte.
                              Os camponeses labutam e não veem
                              Seu voo e nem a queda
                             Não creem na liberdade vivificante
                             Volteio vívido.
                              O voo valeu a queda!

 (foto Sergio Sade - texto Susan Blum)

sábado, 29 de outubro de 2011

REAL - DIA DO LIVRO


Neste dia do livro,
permita-se enredar-se nas letras jogadas dos escritores...
permita-se cair nos vazios entre as palavras, que fazem refletir...
permita-se perder-se nas interrogações e reticências...
permita-se morrer com as angústias e desilusões da história...

e, acima de tudo, permita que um escritor sobreviva! Compre livros!!
                                                                         (foto by Susan Blum)
veja fala minha em http://blogs.mundolivrefm.com.br/mundodeletras/2011/10/29/especial-dia-do-livro/

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

REAL - fotografia catarse

Hoje estava conversando com meu novo amigo, Sergio Sade. E ele me disse uma coisa que eu ainda não tinha parado para refletir ... que no momento de se tirar uma foto há egoísmo.

Eu já pensava no egoísmo de tirar fotos de tudo que eu gosto. Essa minha mania (irritante para alguns) de estar sempre com uma máquina e tirar lâminas de luzes dos espaços e tempos que são tão fugazes... tão fantasmas!
Mas ainda não havia pensado no MEU momento com a foto. Com aquele espectro espetacular efêmero!
E lembrei de uma foto que tirei. O poema não é meu, a ideia não é minha, não fui eu quem pintou. Mas EU fotografei. EU vi. EU senti. EU li. E isso ninguém me rouba!
Mas compartilho com todos. Porque foto não é como o amor da gente (que este eu não divido). ;)
E presenteio meus amigos com ela... uma foto... uma pintura... no meio do caminho tinha um muro.
E neste muro tinha um poema!
Chega de proibições!

(foto by Susan Blum)

sábado, 22 de outubro de 2011

FICÇÃO - no meio da pessoa (de Roberto Mibielli)

no meio do caminho
tinha uma pessoa
no meio do caminho
tinha a mesma pessoa
impassível
inamovível
incontornável
no meio do caminho
tinha esta pessoa
nunca me esqueço
de como fiquei cansado

no meio da pessoa
tinha um caminho
 (poema de meu amigo Roberto Mibielli - fotos da internet)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ficção - COMO TORNAR-SE INVISÍVEL EM CURITIBA - Jamil Snege

COMO TORNAR-SE INVISÍVEL EM CURITIBA

"Você pode começar treinando numa dessas manhãs de muita neblina, à margem de um lago ou num bairro bem afastado do centro da cidade. Pode optar por uma rua deserta, no começo da noite ou numa véspera de feriado. Pode vestir um uniforme camuflado ou levar o seu "personal trainer" a tiracolo, pouco importa. Esteja você com a síndrome do pânico ou com o coração amargurado, existe um método muito mais eficiente para tornar-se invisível em Curitiba do que essas desambulações (sic) pelos ermos da cidade. Embora não esteja ao alcance de todos, convém conhecê-lo, já que é absolutamente infalível e seus resultados surpreendentes. Primeira condição: você precisa ter talento genuíno. Estudar bastante também ajuda, mas não substitui aquele toque de gênio inconfundível que marca e distingue certas pessoas desde o berço. Pois bem. De posse desse talento que Deus lhe deu – e contra a falta de estímulo da família, do meio e particularmente da própria cidade – você deve se atirar de corpo e alma na consecução de seu destino. Guiado unicamente pelo seu daimon, pelo seu anjo tutelar, você dará início à construção de sua lenda pessoal e dos projetos que dela advirão. Você estará, finalmente, a caminho de tornar-se invisível. Cada conquista, cada livro publicado, cada poema, escultura ou canção, cada tela, espetáculo, disco, filme ou fotografia, cada intervenção bem sucedida no esporte, no direito ou na medicina, cada vez que alguém, lá fora, reconhecer com isenção de ânimo que você está produzindo obra ou feito significativo – o seu grau de invisibilidade aumenta em Curitiba. E é muito fácil perceber isso. Primeiro, não faltarão pessoas tentando dissuadi-lo de seu próprio talento. Tudo farão para reconduzi-lo de volta à mediania, ou melhor, à mediocracia, que é o sistema vigente nesse estrato a que denominamos cultura. Se você resistir, tentarão cooptá-lo com promessas de nomeações ou ofertas de emprego em atividades sucedâneas. Se você é um belo projeto de escritor, alguém tentará convencê-lo de que é melhor, mais lucrativo, ser um redator de propaganda. Se você é jovem e promissor cirurgião plástico, com projetos de especialização no exterior, não faltará quem o convide para sócio de uma dessas empresinhas de medicina privada lá onde o diabo perdeu as botas. Se mesmo assim você se mantiver fiel ao seu daimon, à sua lenda pessoal e não arredar pé de seu destino, a invisibilidade torna-se então um processo irreversível. Os amigos mais chegados são os primeiros a acusar falhas em seus sistemas de radar quando o objeto a ser captado é você ou algo que lhe diz respeito. Os convites tornam-se mais escassos, o telefone já não toca como antigamente; e mencionar seu nome ou seus feitos, nas reuniões para as quais você não foi convidado, para11 (sic) a ser tomado como um gesto de imperdoável traição ao grupo. Desse momento em diante, só os inimigos falarão de você. Falarão mal, obviamente. E o mais curioso: à maioria desses "inimigos", a noventa por cento deles, você jamais falou, jamais sequer foi apresentado. Os amigos a gente escolhe, os inimigos escolhem-se a si próprios. Esta talvez seja a parte mais cruel (ou mais irônica) da história. A sua visibilidade, enquanto pessoa, transfere-se para a imagem que os outros fazem de você. Pois é ela, a sua imagem, que circula e passa a freqüentar os lugares para os quais você já não é solicitado. Não é mais você em pessoa – carne, sistema nervoso, personalidade, alma –, que se oferece à percepção do outro, mas uma espécie de correlato simbólico impregnado de tudo o que os outros lhe atribuem. Para encurtar: vale a pena manter-se fiel ao seu daimon e cumprir com resignação cada etapa de sua lenda pessoal? Acho que sim. Curitiba está cheia de pessoas invisíveis."
Jamil Snege
Foto de Marek Rogowiec. "Wasserstiefel" © 1986. Roman Signer.

A criatividade não tem limites. Nos anos oitenta, na Suíça, o jovem pesquisador Roman Signer estava ansioso para experimentar os efeitos de explosões em água. Inicialmente ele realizou explosões em latas d água, depois teve a idéia de realizar uma experiência bem inusitada, colocando explosivos dentro de um par de botas cheias de água. Roman propôs ao seu irmão Marek Rogowiec que fotografasse a performance. A imagem que eles conseguiram é impressionante e de arrepiar.A explosão gerou um efeito visual que se assemelha a uma figura humana ou a um fantasma, o que eles batizaram de “escultura de curto tempo”.
— com Beth Jeker.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

REAL - Steve Jobs

Deixo aqui minha singela homenagem a um ser humano criativo que não precisou seguir  
as "regras" da sociedade... e sempre foi humilde!!



Fã deixa uma maçã escrito "bye" em frente a Apple Store 
de Los Angeles Califórnia, EUA, 5 de outubro de 2011.

http://www.youtube.com/watch?v=66f2yP7ehDs