OK. Vamos
lá. Época de confissões... Natal e Ano Novo sempre são boas datas para isso.
Sou
homossexual. UFA! Após 50 anos vivendo de forma artificial posso finalmente
tirar o fôlego do fundo do alvéolo mais profundo do pulmão e ex(pirar)clamar:
SOU HOMOSSEXUAL.
Sei que
isso vai chocar algumas pessoas que convivem há tempos comigo. Alguns dirão: “Meu Deus, ela? Jamais imaginei!”.
Outros com certeza se gabarão: “sempre desconfiei disso”, sem dar muitos
detalhes do porquê dessa “desconfiança” (parênteses: desconfiar - não colocar
confiança).
Sei que
alguns “amigos” vão deixar de ter tempo para mim. Outros irão se aproximar mais
(talvez por interesses outros?). Alguns familiares se sentirão desconfortáveis
(será que me convidarão para o Natal?). Outros me darão apoio.
Se você é
meu empregador e está lendo este texto pensando: “será que não seria melhor
tirar ela da Universidade? Que influência nefasta ela pode ser aos alunos?” Por
favor, repense seu preconceito.
Se você for
uma amiga e estiver pensando ao ler o texto: “caramba, não conseguirei mais ser
tão íntima dela depois disso. Tenho medo.” Por favor, repense seu preconceito.
Se você for
um dos meus ex-namorados (poucos) ou meu ex-marido, e estiverem pensando: “puxa,
aquela guria gostosa e querida, uma lésbica? Que desperdício” Por favor,
repense seu preconceito. Ou se pensou: “nem comigo ela virou hetero? Eu que sou
tão macho e másculo” Por favor, repense seu preconceito e sua vaidade.
Se você é uma das minhas alunas e pensa: “puxa, não sei mais se vou conseguir abraçar a professora”. Por favor, repense seu preconceito.
Se você é meu vizinho e está pensando em fazer uma reunião em casa com os outros vizinhos para alertarem sobre mim. Por favor, repense seu preconceito.
Se você é meu colega de trabalho que todo dia me abraça e dá um beijinho no rosto e está na dúvida se continuará fazendo isso. Por favor, repense seu preconceito.
Se você é meu colega de trabalho e teve relações comigo e agora está pensando: “que nojo... fiquei com uma lésbica”. Por favor, repense seu preconceito.
Se você é ou foi meu aluno em algum momento dos vários anos em que dei aula e está pensando em juntar os colegas para me dar uma surra em algum momento (para me “endireitar”).
Por favor, repense seu preconceito.
Se você não
é nenhuma das situações acima descritas, mas mesmo assim está incomodado(a) com
meu texto. Por favor, repense seu preconceito.
Cada um tem
o direito de ser o que quiser. Não é uma opção! A pessoa NÃO escolhe ser o que
é. Ela apenas sente e É. Se você tem atração por homens e é mulher, é
conceituado pela sociedade como heterossexual. Se você tem atração por homens e
é homem, é conceituado pela sociedade como homossexual. Para mim, você é um ser
humano que ama. O que interessa a você o que eu faço na vida privada?
Sou boa
profissional? Cumpro com meus deveres de cidadã? Pago impostos? Trabalho? Não
machuco (ou mato) nenhum ser? Então. O que importa é isso e somente isso. AMAR.
Todo
cidadão tem direitos iguais. Não é o que diz a Lei?
Se as
pessoas podem sair nas ruas de mãos dadas... dar beijinhos... TODOS podem!
Se não
podemos fazer sexo em público... NINGUÉM pode.
Você não
conseguiu chegar até o final deste texto porque ficou enjoado, com nojo, com
raiva, desconcertado? Pena! Por favor, repense seu preconceito.
E assista a
este vídeo.