novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 12 de novembro de 2023

REAL FICÇÃO - idade dos parques Continu

 Gostaria de falar de uma experiência de escrita que tive na última oficina de contos da qual participei:

O professor colocou uma cadeira do local de curso no meio do nosso círculo de alunos e pediu: quero que escrevam um texto fantástico sobre a cadeira...

tive uma ideia e comecei a escrever...

ele complementou: quero um texto curto

parei de escrever e arquivei mentalmente a ideia que eu tive ... ia voltar a escrever quando ele falou...

e que contenha uma crítica social...

daí parei de vez. Aguardei para ver se ele falava algo mais e só então escrevi, finalizando o texto antes da meia hora que ele deu para todos nós e cumprindo todos os requisitos que ele pediu. Em homenagem ao Cortázar eu coloquei mais tarde o título:


          idade dos parques   Continu

A cadeira carrega o leitor que carrega o livro que carrega a história de uma formiga que carrega o açúcar para alimentar o fungo que alimentará o formigueiro... pisado pelo leitor ao sair da biblioteca.


Este texto não foi escolhido para sair no livro do final do curso, então posto aqui para dar esta dica de exercício para meus ex-alunos de criação literária.

Por que escrevi isso? Tentei colocar o "trabalho" de todos para satisfazer o leitor que nada faz, ao contrário, destrói. Vejam: alguém fez a cadeira, alguém publicou o livro, alguém escreveu a história, a própria formiga que carrega o açúcar, não aproveita esta doçura, mas alimenta o fungo que será alimento para o formigueiro. E tudo isso é destruído pelo leitor que nada produziu.

Enfim... fica o registro de minha escrita da oficina. 

p.s. havia lido dias antes que a formiga leva açúcar para alimentar o fungo, por isso usei no texto. Vejam como é importante ler sempre, e não só textos de literatura, mas científicos também.








sábado, 4 de novembro de 2023

REAL - Braços marcados

 

Braços marcados para serem identificados

Braços finos, quase esqueléticos

Não tem como fugir

Não tem como sair

Muros, proibições, cercas

Marcas que ficarão na História

Guerras, perseguição, fome, sede

Tiros, mortes, hospital bombardeado

Não tem como fugir

Não tem como sair

Não deixam passar os caminhões

De ajuda humanitária

Não deixam escapar os que querem viver

Outros interesses estão por trás

Os países não tem dinheiro

Para acabar com a fome

Mas sempre há grana para a guerra

Não tem como fugir

Não tem como sair

Há braços marcados com números

Há braços marcados com nomes

Crianças palestinas marcam seus nomes

Nos braços finos, para serem identificadas

caso morram em ataques aéreos.

O horror nunca termina e ainda se repete.

(Foto: internet. Texto: Susan Blum).