Como avisei anteriormente, vou iniciar estas postagens
femininas com a grande Madalena Caramuru.
Antes, queria introduzir quem é esta mulher. De onde ela
veio? Bom, antes de mais nada tenho que perguntar se lembram da época da escola
em que aprendíamos a História do Brasil. Lembram de Caramuru? Então, uma caravela
portuguesa afundou próximo da costa. Vários portugueses, inclusive o náufrago
português Diogo Álvares Correia, foram resgatados por uma tribo indígena. Os
tupinambás eram canibais e os companheiros de Diogo foram “absorvidos” por
eles. Existem diversas “lendas” para o fato de Diogo não ter sido comido por
eles. Entre elas a de que ele era muito magro (nota para fazer dieta hehe).
Mas outra lenda diz que ele atirou com sua arma e – daí veio
o apelido dele: Caramuru, que significa “homem do fogo” – e assim os índios
respeitaram ele.
Bom, para encurtar a história, ele se casa com a índia Paraguaçu (que vive mais 26 anos após a morte dele). Tiveram quatro filhas. Uma delas é a
Madalena Caramuru.
Ela foi a primeira brasileira alfabetizada. Apesar dos
indígenas terem uma visão diferente dos portugueses – e aqui abro um parêntese
importante:
“ [...] o indígena que via na mulher uma companheira não via
razão para as diferenças de oportunidades educacionais. Não viam o perigo que
pudesse representar o fato de suas mulheres aprenderem a ler e a escrever, como
os brancos os preveniam. Condenar ao analfabetismo e à ignorância o sexo
feminino lhes parecia uma ideia absurda” ( Arilda Inês Miranda Ribeiro, em A educação das mulheres na Colônia)
Ela foi alfabetizada e foi em 1534, quando ela
se casou com Afonso Rodrigues, que aprendeu mais ainda as Letras. Depois de instruída Madalena se
manifestou em defesa do povo diante dos portugueses. Com seu olhar cuidadoso,
ela percebia o tratamento dado aos indígenas e sabia que através das palavras
poderia ajudar. Então escreveu uma carta ao Padre Manuel da Nóbrega (aparentemente
em 1561), exigindo o fim dos maus-tratos às crianças indígenas além de
solicitar o início da educação feminina (inclusive oferecendo ajuda financeira
para tal) e também condenar os negociantes negreiros. Ou seja, ela foi a primeira ativista
brasileira!
O padre, diferente dos outros homens brancos, abraçou esta
causa, levando para a rainha de Portugal e justificando que as mulheres eram
maioria nos cultos e que assim poderiam aprender a ler e escrever. Porém a
Corte portuguesa julgou a iniciativa perigosa, vetando a solicitação.
Foi apenas em meados do século XVIII que as meninas passaram
a frequentar as escolas, mas ainda assim com restrições.
Nós, mulheres, não podemos deixar de conhecer e de propagar
esta mulher à frente de seu tempo. Que teve empatia por todas as mulheres e
pelos negros.
Madalena Caramuru!
(em 2001 os Correios homenagearam com um
selo).
(QUER SABER MAIS? LEIA "EXTRAORDINÁRIAS MULHERES QUE REVOLUCIONARAM O BRASIL" - de Duda Porto de Souza e Aryane Cararo - tirei muitos dados daqui).
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