novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 31 de março de 2013

FICÇÃO - Relação amorosa transparente.

Aquele casal era um pouco estranho.
Muito esquecidos e briguentos.
 
 "Querido, não sei onde coloquei a chave do carro".
 
"Em compensação, acho que encontrei a faca da cozinha!"
 
(Crianças, por favor, isto é APENAS brincadeira. Não façam isso em casa!)

quinta-feira, 28 de março de 2013

FICÇÃO - Felinos susanísticos

Pulos dos gatos!


"Queridaaaa! Cadê a panela maior?"
*******
"Eu sempre quis escorregar pelo corrimão, 
mas não sabia que ia ficar preso aqui!"
*******

"Que foi? Eu só queria ver se alcançava o alarme!"

*******

"Me dá só UM pedacinho! Um só... vai?"


*******


"Tudo começou com uma brincadeira! Eu juro!"


*******


"Eu tinha certeza de que havia uma abertura por aqui...."


*******
 "Vai filho! Você consegue!"

*******


"E na hora que eu ia beijar a gata... 
ploc... a lente de contato pulou"


*******


"E então você se concentra no desejo e depois assopra a flor. 
Cada semente levará seu desejo para ser plantado em algum lugar!


*******


"Já acabou a postagem, cara! O que você tá fazendo aqui ainda?"

(Textos: Susan Blum. Imagens: facebook)
Gostou dessa postagem? Pode ser que você queira ler também:
Todos têm gatos...

sábado, 23 de março de 2013

FICÇÃO - Feliz Páscoa!

Ao contrário da Páscoa do ano passado, em que expliquei sobre os ovos (basta clicar aqui que abre a página), resolvi brincar um pouco nesta:


Duro e Cell, um casal que vivia no céu

Eles eram um casal diferente, com muita energia. Com energia de sobra para ficar durante horas “trabalhando”. A família foi crescendo em ordem ascendente.

Sempre rapidinhas ou devagarzinhas aconteciam entre este casal amoroso!

Nas rapidinhas ele sempre brincava:

“Querida, vai ser bom.. não foi?”

Mas os tempos são outros. E Duro e Cell descobriram da forma mais terrível: em PLENA atividade, a pilha acabou. 

 Hoje seus filhos e netos sabem que o melhor é ter pilhas recarregáveis sempre à mão. Para não deixar o parceiro na mão. Afinal, com a mão não dá o mesmo prazer.

E que venham mais coelhos... Feliz Páscoa!

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E o senhor Coelho vai para a psicanálise: 
"Esta época é difícil para mim, Dr. Freud. 
Toda vez que levo ovos para as crianças fico com crise 
de identidade... sou um coelho ou uma ave? 
ou talvez um ornitorrinco?"
 (Texto: Susan Blum. Imagem: facebook)

FICÇÃO - Um encontro-cronópio



Paris!
Cidade dos escritores.
Eu queria passear por todos os cantos e recantos que Cortázar escreveu/pisou. Por onde começo?
Parece a angústia do início da escrita.
Será que vou para as ruas buscar o moteca-motoqueiro? 
Ou vou procurar o apartamento que a mocinha dos coelhinhos ficou? Ou sigo os gatos pelas ruas, flanelando como Flanele?
Resolvo ir atrás do realmente desconhecido: o axolote!
Vou ao Jardim das Plantas, onde sei que 
tem um aquário cheio deles.

Lembro do conto de Cortázar. Essa história sempre me arrepiou.
Perder a identidade. Ser o outro. Procuro pelo labirinto de vidro e água e finalmente os encontro.
Lá estão eles.
Na frente do aquário vejo um gigante barbudo os observando. 
Meu coração dá um salto!
É ele! Mas antes que me aproxime, ele se volta, lacônico, e sai.
Não quero incomodá-lo como uma dessas fãs chatas que perseguem o seu ídolo. Deixo-o em paz.
Paro então na frente do aquário e observo estas criaturas curiosas.
Uma delas, em particular, parece me encarar.
Seus olhinhos de ouro penetram de forma fria o meu espírito. Parece um pedido de socorro!
Não entendo este sentimento. Continuo a observar o bichinho. 
Suas brânquias se movendo. O olhar dourado inquieto, suplicante. 
E finalmente compreendo.
É ele! Julio ficou ali, preso.
 Preso dentro de mim...

(Texto: Susan Blum. Fotos: internet)

domingo, 17 de março de 2013

REAL - Poemas de um aluno do C.E.P.

Na sexta-feira, dia 15 de março, estive no Colégio Estadual do Paraná (a convite da jornalista Eli). Lá falei, no salão Nobre, junto com dois colegas escritores, para um público de alunos e professores.
Um dos alunos veio me pedir depois um autógrafo (junto com vários outros).
E, no sábado, recebi (por e-mail) 4 poemas dele.
Insiro aqui no meu blog, dois deles.
Para você, Eduardo, este presente. Não desista de seus sonhos. Continue escrevendo.
E conte comigo para o que precisar!

 Pilotos, e Mais Pilotos

Existem dois tipos de pilotos,

aquele que vira piloto por acaso,
e aquele que pilota uma aeronave por  paixão

Piloto por acaso,
é aquele que não tem compromisso com avião;
piloto com paixão,
é aquele que coleciona miniaturas de avião desde pequeno.

Os sons de um avião ligando
para alguns aviadores
é uma sinfonia.

Aviões perigosos não existem,
apenas não são pilotados adequadamente.

No ar, o piloto está em sua casa.

No avião só é você e Deus, mais ninguém para te incomodar.
A aviação é uma paixão,
eu sonho ser um piloto todos os dias e noites.


Eduardo Hirt Muller
14/11/2012

Música
 

Uma música, não é simplesmente
uma melodia qualquer

Vejo a música de uma maneira diferente,
é arte.

Mas não é qualquer arte,
é uma arte com paixão,
é uma paixão sem explicação.

Quando comprei meu violino,
senti algo dentro de mim,
algo muito bom.

Não se torna músico
de uma hora para outra,

tem que gostar de música.


Eduardo Hirt Muller
25/01/2013
(Textos: Eduardo Muller. Foto esquadrilha: Susan Blum. Foto violino: internet)

domingo, 10 de março de 2013

FICÇÃO - minicontos (Júlio Damásio)

Ao entrar no quarto dos avós pela manhã,
viu pela primeira vez um rindo para o outro, os sorrisos estavam afogados,
cada um em seu copo de água.
JD
 
 
O santo de barro da minha paróquia,
depois de ouvir os meus pecados,
desmanchou-se em pó.
Jdamasio
A poesia se rebelou," metamorfou-se", criou asas
e fugiu da forma das velhas gaiolas, desmedida,
toda faceira e cheia de prosa voou ao alcance
das mãos dos novos poetas!
JDamasio
Júlio Damásio é poeta em Curitiba, e sempre nos brinda com seus textos no facebook.
Ele me enviou esta apresentação dele:
Júlio Damásio é autodidata, nasceu em Curitiba, no dia 25 de outubro de 1966. Contista, colunista e poeta. Ministrante de palestras de moti­vação à leitura. Foi colaborador de vários jornais do Estado do Paraná. Dedica-se à literatura profissionalmente há mais de dez anos. Antes, porém, exerceu várias profissões, em especial na área de publicidade. Vive atualmente em Curitiba, mas já morou em diversas cidades brasileiras e também nos Estados Unidos. Livros publicados: - Contos de gavetas, 1995; - Conto dos contos e outros contos. Obra que foi agraciada com prefácio de Rafael Grecca de Macedo e com nota de apresentação de Valêncio Xavier, 2003; - A compota de pimenta e outros contos, 2008; - Julio Damásio morreu+113 continhos, 2009; - Oração de um quase descrente, 2009. -Num piscar de olhos / 150 microcontos/ inedito 
juliodamasio@hotmail.com

domingo, 3 de março de 2013

REAL (ficção) - tsunami

Sol. Areia morna. Música marítima com os contra-baixos das ondas e as flautas das gaivotas, volta e meia um violino Fernão Capelo. O vento dedilha com mãos de areia o corpo quente. Conversa gostosa com amigos, namorado, parentes. De repente, o mar recua de forma rápida, apresentando o leito marinho cheio de conchas, animais, plantas. Algumas pessoas se aproximam por achar belo, mas dentro de mim já reboa um sinal de perigo. Aviso a todos e começo a correr para o imenso paredão vertical de areia atrás de mim, meus pés afundam na areia grossa e apesar de todo esforço na imensa subida, com o coração pulsando na boca, com os nervos vibrando pelo medo, ainda vejo o topo da encosta muito longe. Ouço o estrondo atrás de mim e miro a massa imensa marítima. Finalmente consigo chegar ao topo, mas a parede de água está bem próxima, misturada a gritos de pessoas que são engolidas por ela. Vejo uma casa de vidro e entro correndo, subindo as escadas em uma tentativa de ficar no mais alto possível.
Aquelas mãozinhas pontiagudas estão sobre mim. Escuro. Silêncio.

*************

A calma piscina de mar, com sua água aquecida pelo sol abraça minhas pernas. Vejo crianças felizes, correndo, pulando, gritando de alegria. De repente o morno abraço se desfaz. Observo o líquido fugindo para dentro do mar. Percebo o perigo e grito para todos. Alguns correm comigo. Entramos em um prédio próximo, subo pelo elevador, mas após chegar ao último andar ainda procuro as escadas para chegar ao topo do edifício. De lá vemos a abundante argamassa que se forma e vêm ao nosso encontro. Fico preocupada se estou alta o suficiente. Mas não há mais para onde ir. Apenas me resta aguardar. 
Aquelas mãozinhas pontiagudas estão sobre mim. Escuro. Silêncio.

*************

Ensopada, completamente molhada, com os cabelos pingando e os membros dormentes ou com sensação de formigamento. Coração aos pulos. Estômago embrulhado. É assim que sempre acordo depois destes pesadelos. Em minha cama, no meu quarto, cujo único adorno é a pintura de Katsushika Hokusai.


(pintura de Hokusai - The Great Wave off Kanagawa)

sábado, 2 de março de 2013

REAL - poesia na vida

Tive a sorte e tive o azar de ter meu pai.
Incrível como uma simples charge pode trazer imagens antigas de uma infância ao mesmo tempo alegre e dolorida.
Pratos com comida que ficavam horas intermináveis à minha frente. Dedos finos que cutucavam a minha mãe querendo dizer algo, mas com a boca silenciada pelo medo.
Rostos zangados e olhares recriminadores que sobrevoam lugubremente recantos carvoados do passado.
Mas... por vezes pinceladas alegres cintilam como piscadas cúmplices de ternura.
Uma delas é quando perguntei ao meu pai por que haviam tantas pintas no meu corpo. Ele teve a sensibilidade de perceber que marchetada na pergunta estava um dissabor de ter um corpo "maculado".
Tocando delicadamente cada uma das pintas nos braços e no peito foi contando a história de minha criação:
"Quando o Grande Arquiteto fez você, tomou o máximo de cuidado de fazer tudo com excelência: uma menina linda, com cachos negros, pele alva, (e assim ele foi me descrevendo) até que por último, com pinceladas impecáveis e delicadas ele pintalgou seus olhos de jabuticaba. Ao olhar a obra-prima, não se conteve e com um largo gesto de braço exclamou: 'Perfeito!' Mas ele esqueceu que ainda estava com o pincel na mão, respingando gotículas de tinta pelo seu corpo. Porém, este acidente criou outra perfeição, pois você tem uma constelação em seu corpo, como este triângulo preciso em seu peito."
Desde aquele dia, cada pintinha marrom em meu corpo foi motivo de alegria, pois lembrança de minha "perfeição".
Poesia fez presença na minha vida através de meu pai. E foi com ele que meu olhar sobre as coisas se modificou.
(texto: Susan Blum. Imagens: internet, com exceção da foto das estrelas que é minha)