novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

FICÇÃO - Ditados curtos

Os meios desconfiam dos fins.
Em terra de vidente, 
quem é cego nunca perde a majestade.

"Vendo a minha alma à vista,
e o diabo à quatro prestações"


(texto: Susan Blum - fotos da internet)

domingo, 4 de dezembro de 2016

REAL - 2017 - Quem semeou, colherá.

QUEM SEMEOU, COLHERÁ.
Que 2017 seja um beco com saída,
que entremos no mato com cachorros, gatos, coelhos,
que sejamos videntes em tiroteios de beijos,  
que possamos entrar com o pé esquerdo, direito, sem pé...
quando um não quer, dois discutem. Então que os dois queiram.
Que seja um ano de amigos, amigos, negócios juntos...
Que os olhos não precisem ficar nem no peixe e nem no gato, pois haverá para todos.
Que o seguro viva jovem.
Que o leite derramado traga risadas
Que o moinho se mova com águas futuras
Que o apressado coma queimado e que o lento coma mais crus.
Que a bezerra não morra e que os gatos sejam coloridos mesmo que de noite.
Que Deus dê a mão até para quem dorme tardão.
Que em briga de marido e mulher todo mundo meta a colher,
Que as boas intenções encham todos os lugares,
Os primeiros serão os últimos.
Que os paus tortos vivam direito.
Enfim... que 2017 seja terra de videntes e que o cego seja rei.
Afinal, quem ri primeiro ri mais alto.
E, por fim, a mais terrível:

que a esperança seja “imorrível”

(texto e foto: Susan Blum)

sábado, 26 de novembro de 2016

POESIA - Dentro de mim

Dentro de mim há uma neblina que não passa.
O labirinto se estreita e esmaga meu peito.
Não sou a caçadora, sou a caça.
O amor persiste no mal feito.
A garganta dói pelo grito não dado.
Os olhos rachados de tanta secura.
Meu corpo inteiro todo cansado.
A dor lancinante que me fura.
Não quero desistir. Juro que não.
Mas está difícil carregar o fardo.
Não enxergo mais o meu lado são.
Mr Hyde trancou o Dr Jekyll no quarto.
Há uma mancha em meu peito
bem parecida com a do preto gato.
uma corda, um laço, bem estreito,
em volta
do coração. É fato.


(pseudo-poema com sentimentos do passado).

sábado, 19 de novembro de 2016

REAL - A gente aprende

A gente aprende.

A gente aprende que cada lágrima é na verdade bondosa, pois retira a secura da vida nas dores e sofrimentos.
A gente aprende que o sorriso ainda baila nos cantos da boca.
A gente aprende que se é mais forte do que se imaginava e mais frágil do que se sabia.
A gente aprende que a saudade é permanente, mas menos dolorida.
A gente aprende que para cada lágrima há um abraço, para cada dor há uma mão, para cada sofrimento há um ombro e um sorriso.
A gente aprende que a dor e o sofrimento são raízes para novas folhas e – por que não? – flores.
A gente aprende que a vida não é ponto final. São apenas reticências, vírgulas, ou até pontos e vírgulas... mas que o ponto final não é agora. E que quando ele chegar será como se fosse um amigo que nos tirará das interrogações e exclamações.
Pois é.
A gente aprende. Que a cada porta fechada há uma chave. Basta ter a coragem para usar!




(Texto e foto: Susan Blum)

REAL - vende-se * compra-se

Hoje um amigo postou no facebook o que segue:



COMPRO:
Qualquer quantidade de alguma coisa.
No estado em que estiver.
Pago o preço que for.
Tratar: em todo lugar.


Muito poético, não?
Não resisti e respondi:

VENDO: 
um pouco de tudo, 
em estado de seminovousado.
Preço a combinar, 
na esquina do arco-íris da meia-noite.

Primeiro texto: Alex Joukowski
Segundo texto: meu.


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Crônica (não tão) disfarçada

Dois irmãozinhos, Grego e Neca, disputavam a atenção e amor da mãe.

- Mãe! Mãe! Olha pra mim! - disse Grego.

- Mãe! Olhe PRA mim. Vou lavar toda louça sempre! - replicou Neca.

- Não, mãe! Olha PARA MIM! Vou passar de ano já no segundo bimestre da faculdade.

A mãe dá atenção para este filho. No segundo bimestre, no entanto, com as notas na mão, ela lembra o filho da promessa que fez. Pois não passou de ano.


- Mas, mãe. Passar no 2º bimestre é impossível! Esta promessa é insana! Jamais faria isto. Quem prometeu isso foi o Neca!

- Não, filho! Foi você quem prometeu. Se era insano, por que prometeu?

- E se era insano, por que a senhora acreditou?


Moral da História:   ah... você entendeu!  Ou ainda não?




domingo, 16 de outubro de 2016

Paródia - Autopsicografia

A mulher é uma fingidora.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é orgasmo
O prazer que deveras sente.


E os que sentem o sexo,
No orgasmo sentido sentem bem,
Não os dois que são sem nexo,
Mas só o que eles não têm.


E assim nos corpos enrolados
Gi
ra, a entreter a razão,
E permanecemos isolados
Dentro do nosso coração.







(Texto e foto: Susan Blum)

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

REAL - São outros tempos.

Onde já se viu?



Que absurdo!

Usarem esta roupa que não pertence ao gênero dessas pessoas!

ABSURDO!

Saias são para mulheres e calças são para homens!

Nunca imaginei que estaria viva para ver este absurdo!

Homem é homem! E mulher é mulher! E devem se vestir como tais.

Um verdadeiro escândalo! Estas pessoas deveriam ser presas! Vai contra a moral, os princípios e a sociedade!

São trajes obscenos!

Isto está errado!

A verdade é outra!

..........

Estas foram frases da época em que as mulheres começaram a usar calças....

Resultado de imagem para primeiras mulheres usando calças antigamente primeiras calças


Ops. Não. Na verdade são frases que ouço por causa de homens que usam saias hoje em dia.

Resultado de imagem para homens usando saias


É! Parece que o mundo não evoluiu.

Uma pena!




sábado, 20 de fevereiro de 2016

REAL - Adeus, Eco eco eco eco eco eco

Que tristeza! Primeiro a GRANDE Harper Lee e hoje Eco.

Ah! Eco. Por quê ? Mas agradeço profundamente pelos seus textos. Pelos seus livros que me inspiraram a escrever a bobagem que segue:

HOJE BRILHOU A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA ILUMINANDO O CAMINHO DO JOVEM YAMBO, QUE, JUNTO COM BAUDOLINO BUSCAVA DESCOBRIR SE É MOUSE OU RAT AS APOCALÍPTICAS E INTEGRADAS HISTÓRIAS. SEJAM HISTÓRIAS DA BELEZA OU DA FEIURA. OU A HISTÓRIA DAS TERRAS E LUGARES LENDÁRIOS ONDE PODEMOS ACHAR O PÊNDULO DE FOUCAULT NO NÚMERO ZERO. VOU PASSAR O DIA INDO DA ÁRVORE AO LABIRINTO ESCREVENDO TESES.

EM NOME DA ROSA EU PROMETO! VAMOS NOS ENCONTRAR! QUEM SABE NO CEMITÉRIO DE PRAGA. OU NA ILHA DO DIA ANTERIOR.

AFINAL, A OBRA É ABERTA...

Grata

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

REAL - Adiós, Gran Cronópio!

Na faculdade de Letras tive contato com um conto que jamais esqueci: Casa Tomada. Então me apaixonei pelo escritor e comecei a ler de tudo sobre ele e dele. Julio Cortázar povoou minha mente e alma com seus coelhinhos vomitados, sua máquina de matar formigas, os motecas, a continuidade dos parques.... mas principalmente pelo romance 62 modelo para armar (o meu romance favorito e tema do doutorado). Infelizmente ele se foi. Há 32 anos, neste dia de 12 de fevereiro, ele se juntou ao seu amor, no cemitério de Montparnasse.
Não tenho tudo que ele publicou (infelizmente), mas o que tenho está bem guardado e volta e meia releio.
Para ele, hoje, farei uma pequena homenagem.

Deixo aqui um conto dele.
*****************
NINGUÉM TEM CULPA 
O frio sempre complica as coisas, no verão se está tão próximo do mundo, tão pele contra pele, mas agora, às seis e meia, sua mulher o espera em uma loja para escolher um presente de casamento; já é tarde e percebe que está frio, tem que vestir o pulôver azul, qualquer coisa que combine com a roupa cinza, o outono é um pôr e tirar pulôveres, ir se fechando, afastando. Sem vontade, assobia um tango, enquanto se afasta da janela aberta, busca o pulôver no armário e começa a vesti-lo diante do espelho. Não é fácil, talvez por culpa da camisa que adere à lã do pulôver, mas custa-lhe fazer passar o braço; pouco a pouco vai enfiando a mão, até que por fim assoma um dedo fora do punho de lã azul, mas à luz do entardecer o dedo tem um aspecto como de enrugado e encolhido, com uma unha negra terminada em ponta. Com um puxão, arregaça a manga do pulôver e olha para a mão como se não fosse sua, mas agora que está fora do pulôver vê-se que é sua mão de sempre e ele a deixa cair na extremidade do braço solto, e pensa que o melhor será meter o outro braço na outra manga para ver se assim fica mais fácil. Pareceria que não é porque, apenas a lã do pulôver se grudou na fazenda da camisa, a falta de costume de começar pela outra manga dificulta ainda mais a operação, e, ainda que tenha recomeçado a assobiar para se distrair, sente que a mão avança lentamente e que, sem alguma manobra complementar, não conseguirá nunca fazê-la chegar à saída. Melhor tudo ao mesmo tempo, abaixar a cabeça para enfiá-la à altura da gola do pulôver, enquanto mete o braço livre na outra manga, endireitando-a e puxando simultaneamente com os dois braços e o pescoço. Na repentina penumbra azul que o envolve, parece absurdo continuar assobiando. Começa a sentir como um calor no rosto, ainda que parte da cabeça já devesse estar de fora, mas a testa e todo o rosto continuam cobertos e as mãos só andam pela metade das mangas; por mais que puxe nada vem para fora e agora pensa que talvez se tenha enganado nessa espécie de cólera irônica com que reiniciou a tarefa, e que cometeu a bobagem de meter a cabeça em uma das mangas e uma mão na gola do pulôver. Se fosse assim, sua mão teria que sair facilmente, mas, ainda que puxe com todas as suas forças, não consegue fazer avançar nenhuma das mãos, embora, em troca, pudesse parecer que a cabeça está a ponto de abrir caminho, porque a lã azul aperta-lhe agora com uma força quase irritante o nariz e a boca, sufoca-o mais do que tivesse podido imaginar, obrigando-o a respirar profundamente enquanto a lã vai se umedecendo junto à boca; provavelmente desbotará e manchará seu rosto de azul. Por sorte, nesse mesmo momento, sua mão direita assoma ao ar, ao frio de fora, pelo menos uma já está fora, ainda que a outra continue presa na manga. Talvez fosse certo que sua mão direita estivesse metida na gola do pulôver; por isso, aquilo que ele pensava fosse a gola, lhe está apertando dessa maneira o rosto, sufocando-o cada vez mais, e, em troca, a mão pôde sair facilmente. De todos os modos, e para estar certo, o que unicamente pode fazer é continuar abrindo caminho, respirando fundo e deixando escapar o ar pouco a pouco, ainda que seja absurdo, porque nada o impede de respirar perfeitamente, só que o ar que respira está misturado com penugens de lã da gola ou da manga do pulôver, e além disso há o gosto do pulôver, esse gosto azul da luz que deve estar manchando o rosto, agora que a umidade do respirar se mistura cada vez mais com a lã, e ainda que não possa vê-lo, porque se abre os olhos as pestanas tropeçam dolorosamente com a lã, está convencido de que o azul vai envolvendo sua boca molhada, os buracos do nariz, toma conta das bochechas, e tudo isso o vai enchendo de ansiedade, e gostaria de pôr de uma vez o pulôver, sem contar que deve ser tarde e sua mulher estará se impacientando à porta da loja. Diz a si mesmo que o mais sensato é concentrar a atenção em sua mão direita, porque essa mão fora do pulôver está em contato com o ar frio do quarto, é como um aviso de que já falta pouco e além disso pode ajudá-lo, ir subindo pelas costas até agarrar a borda inferior do pulôver, com esse movimento clássico que ajuda a vestir qualquer pulôver, puxando energicamente para baixo. O pior é que ainda que a mão apalpe as costas, procurando a fímbria de lã, parece que o pulôver ficou completamente enrolado perto do pescoço e a única coisa que a mão encontra é a camisa cada vez mais enrolada e até um pouco saída das calças, e de pouco serve trazer a mão e querer puxar pela frente do pulôver, porque sobre o peito não sente mais que a camisa, o pulôver mal deve ter passado pelos ombros e estará aí enrolado e tenso, como se ele tivesse os ombros largos demais para esse pulôver, o que, em definitivo, prova que realmente se enganou e meteu uma mão na gola e a outra em uma manga, com o que a distância que vai da gola a uma das mangas é exatamente a metade da que vai de uma manga a outra, e isso explica que ele tenha a cabeça um pouco caída para a esquerda, do lado onde a mão continua prisioneira na manga, se é a manga, e que, ao invés disso, sua mão direita, que já está fora, se movimente com toda liberdade no ar, embora não consiga fazer baixar o pulôver, que continua como que enrolado no alto do seu corpo. Pensa, ironicamente, que se houvesse uma cadeira perto poderia descansar e respirar melhor, até vestir inteiramente o pulôver, mas perdeu a orientação depois de haver girado tantas vezes nessa espécie de ginástica eufórica, que inicia sempre a colocação de uma peça de roupa e que tem algo de passo de ballet dissimulado, que ninguém pode recriminar, porque corresponde a uma finalidade utilitária e não a culpáveis tendências coreográficas. No fundo, a verdadeira solução seria tirar o pulôver, pois não pôde vesti-lo, e verificar a entrada correta de cada mão nas mangas e da cabeça na gola, mas a mão direita continua indo e vindo desordenadamente, como se já fosse ridículo voltar atrás a essa altura das coisas, e em dado momento até obedece e sobe à altura da cabeça e puxa para cima, sem que ele compreenda a tempo que o pulôver grudou no seu rosto, com a gomosidade úmida do respirar misturado com o azul da lã, e quando a mão puxa para cima é uma dor como se lhe despegassem as orelhas e quisessem arrancar-lhe as pestanas. Então, mais devagar, é preciso utilizar a mão metida na manga esquerda, se é a manga e não a gola, e para isso, com a mão direita, ajudar a mão esquerda, para que possa avançar pela manga ou retroceder e se livrar, embora seja quase impossível coordenar os movimentos das duas mãos, como se a mão esquerda fosse um rato metido em uma gaiola e de fora outro rato quisesse ajudá-lo a fugir, salvo se, em vez de ajudá-lo, o esteja mordendo, porque, de súbito, dói sua mão prisioneira e, ao mesmo tempo, outra mão se crava, com todas as suas forças, nisso que deve ser sua mão e que lhe dói, dói a tal ponto que desiste de tirar o pulôver, prefere tentar um último esforço para pôr a cabeça fora da gola, e o rato esquerdo fora da gaiola, e tenta lutando com todo o corpo, atirando-se para diante e para trás, girando no meio do quarto, se é que está no meio, porque agora consegue pensar que a janela ficou aberta e que é perigoso continuar girando as cegas. Prefere parar, ainda que sua mão direita continue indo e vindo sem se ocupar do pulôver, ainda que sua mão esquerda doa cada vez mais, como se tivesse os dedos mordidos ou queimados e, entretanto, essa mão o obedece. Contraindo pouco a pouco os dedos lacerados, consegue agarrar, através da manga, a fímbria do pulôver enrolado no ombro, puxa para baixo quase sem força, dói muito e faria falta que a mão direita ajudasse, em vez de subir ou baixar inutilmente pelas pernas, em vez de lhe beliscar a coxa, como está fazendo, arranhando-o e o beliscando através da roupa, sem que o possa impedir, porque toda a sua vontade acaba na mão esquerda; talvez tenha caído de joelhos e se sente como que pendurado da mão esquerda, que puxa ainda uma vez mais o pulôver e, de repente, é o frio nas sobrancelhas e na testa, nos olhos. Não quer abrir os olhos absurdamente, mas sabe que pulou para fora, essa matéria fria, essa delícia é o ar livre, e não quer abrir os olhos e espera um segundo, dois segundos, deixa-se viver em um tempo frio e diferente, o tempo do lado de fora do pulôver, está de joelhos e é belo estar assim, até que, pouco a pouco, reconhecidamente entreabre os olhos livres da baba azul da lã do lado de dentro, entreabre os olhos e vê as cinco unhas negras suspensas apontando para seus olhos, vibrando no ar antes de saltar contra seus olhos, e tem tempo de baixar as pálpebras e jogar-se para trás, cobrindo-se com a mão esquerda que é sua mão, que é tudo o que lhe resta para se defender de dentro da manga, para que puxe para cima a gola do pulôver e a baba azul envolva outra vez seu rosto, enquanto se levanta para fugir a outra parte, para chegar afinal a alguma parte sem mão e sem pulôver, onde somente haja um ar ruidoso que o envolva e o acompanhe e o acaricie e doze andares.

Espero que tenham gostado do conto de Cortázar. Ele é assim. Um "tenebroso domiciliar". hehe 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

FELIZ ANO NOVO - 2016

O ser humano tem a tendência de sempre reclamar do ano que passou, desejando que no ano seguinte seja tudo diferente. 
Mas o interessante é que geralmente não percebemos que o ano que passou foi ruim ou bom por causa de nós mesmos... e o ano que virá será a mesma coisa.
Temos a tendência de esperar que ALGO aconteça, que ALGUÉM faça algo para as coisas melhorarem.
Mas... e a NOSSA responsabilidade?
Enquanto não tivermos a consciência que MUITO depende de nós mesmos (nem que seja a forma diferente de ver algo ruim), nada mudará.
Falamos da mineradora que não cuidou dos dejetos. E nós? Cuidamos de nossos dejetos? Este ano que passou escutei uma amiga dizendo que não sabia que ao colocar o lixo que não é lixo no local correto, deveria lavar antes (exemplo: a caixa de leite) - isso porque ela me ouviu dizendo que eu sempre lavava (sejam latas, caixas, etc.. que vão para a reciclagem, eu sempre lavo e seco.)
Este é só um exemplo de como podemos achar que fazemos tudo certo, mas não fazemos.
Devemos levar isso para outras coisas, como por exemplo, o que falamos e como falamos com as pessoas.
Assim, devemos cuidar de nossas ações sim, além dos pensamentos e sentimentos. Pois tudo que está dentro de nós, nos contamina.
Mas na verdade o que quero deixar aqui como mensagem é um texto que li quando criança pequena e que sempre me fascinou. 


Os Estatutos do Homem
(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.
 
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. 

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito  a abrir-se dentro da sombra;  e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. 

Artigo IV 
Fica decretado que o homem  não precisará nunca mais  duvidar do homem. Que o homem confiará no homem  como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. 

Parágrafo único:  
O homem confiará no homem  como um menino confia em outro menino. 

Artigo V
Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar  a couraça do silêncio  nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa. 

Artigo VI 
Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos  e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora. 

Artigo VII 
Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa  para sempre desfraldada na alma do povo. 

Artigo VIII   
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre  não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor. 

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor.  Mas que, sobretudo, tenha  sempre o quente sabor da ternura. 

Artigo X
Fica permitido a qualquer  pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco. 

Artigo XI  
Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã. 


Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado  nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela. 

Parágrafo único:  
Só uma coisa fica proibida: amar sem amor. 

Artigo XII
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou. 

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários  e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante  a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre  o coração do homem.

Por fim, faça suas promessas para 2016. Mas pense bem no que pretende prometer para vc mesmo.  Afinal, você não vai querer deixar de cumprir para a pessoa mais importante de sua vida, não é?

(Texto e fotos: Susan Blum)