novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

quarta-feira, 18 de julho de 2012

REAL - Então, é isso?

Saiu mais um livro do forno!

Lançamento:
no Museu Guido Viaro (quase em frente ao Teatro da Reitoria) - um belíssimo lugar que me deu sorte no lançamento de meu primeiro livro!! Vale a pena a visita ao museu!
Dia: 03 de agosto, a partir das 18:30.
LANÇAMENTO: QUEM FOI, FOI... QUEM NÃO FOI...
...VEJA ABAIXO PRÓXIMAS OPORTUNIDADES!!!
***************
No dia 17 de agosto na Biblioteca Pública do Paraná.
sexta-feira - das 18:00 - 19:50
terceiro andar! Estarei com meus dois livros para vender!
E terá uma semana de LEITURAS dos contos nos dias 
13,14,15 e 17 de agosto, sempre 18:00.
Sala de reuniões do 3° andar - BPP

********************

Estarei também no Palacete Wollf no dia 01 de setembro, entre 15:00 e 18:00

*****************
E no dia 20 de outubro, no Paço da Liberdade, a partir das 11:00.
**********************
Apareçam!!!

Mais detalhes: http://coletaneadecontos.wordpress.com/

domingo, 15 de julho de 2012

FICÇÃO - Tinha uma P no meio do caminho

No meio do caminho tinha uma puta
tinha uma puta no meio do caminho
tinha uma puta
no meio do caminho tinha uma puta. 
Nunca me esquecerei daquele apedrejamento
na vida de meus preconceitos tão arraigados.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma puta
tinha uma puta no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma puta


     (foto de Claire Camus. Texto de Susan Blum)


sexta-feira, 13 de julho de 2012

FICÇÃO - leitura de orelha

Leitura de orelha...ler com os olhos ou ler com as orelhas?
Pensemos nas iniciações aos livros (geralmente a oralidade... alguém contando para nós). Eu lembro de meu pai, sentado em sua escrivaninha, no escritório. Lendo, batendo na máquina de escrever. Levantando os olhos e balbuciando com os lábios, palavras para mim ininteligíveis.
Lembro quando ele me trouxe 3 livrinhos de historinhas. Um de uma princesa com uma arara, outro com coelhos e um lobo que se faz de doente (com pata machucada) e um terceiro com alguma historinha oriental que não lembro tão bem.
Lia e relia com tanto carinho cada historinha...
Também tinhas as HQs... meus preferidos eram Brasinha e Gasparzinho.

Depois, com um pouco mais de idade (tinha uns doze), ele trouxe livros mais "sérios": deu o Conde de Montecristo para minha irmã, os Três mosqueteiros para um irmão, um terceiro para outro irmão.. e me coube o Corsário Negro. Adorei ler o meu, fui para o de minha irmã e depois para os dos meus irmãos.
Delícia! Fugia para o quintal, subia na árvore (meu gato preto me acompanhava). Nos aninhávamos em alguns galhos e lá passava o dia.  
Passaram-se mais do que 1001 noites, passaram-se mais que 2012 anos ...
Fui fazendo minhas próprias historinhas. Brincadeiras de criança. Poesias ...   Contos.
Publiquei meu primeiro livro de contos: Novelos nada exemplares!

Iniciei 3 romances. Terminei um - há pouco tempo - com dois amigos (à procura de editora).
Participei de uma antologia que saiu hoje (teremos noites de autógrafos!). Aguardem!

Mas minhas orelhas continuam lendo mais do que eu... ouvindo as conversas alheias (vide Ouvidos abertos, olhos fechados)

Lendo ao pé da orelha, com ouvidos míopes, percebi que com estes óculos acabei abrindo mais as orelhas... Pois neste ato erótico que é ler, pode-se se iniciar por qualquer parte do corpo, e as orelhas são tão erógenas quanto os pés ou a barriga. Pego um livro carinhosamente da prateleira da livraria. Abro as orelhas e me insinuo nelas. Tiro a virgindade dos livros. (vide Tímpamen

E me deito e rolo, refletindo na seguinte frase:

“Não é estranho como um livro fica mais grosso depois de ser lido várias vezes? Como se a cada vez, ficasse algo grudado nas páginas. Sensações, ruídos, cheiros… E então, quando folheia novamente o livro, depois de muitos anos, você encontra a si mesmo ali, um pouco mais novo, um pouco diferente, como se o livro tivesse guardado você, como uma flor prensada. Estranha e familiar ao mesmo tempo.” (Cornélia Funke)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

REAL - poema de Lars Eriksen

Susan:

           Andas como uma flor
           a lançar pétalas.
           Mas o que vale
           é a flor,
           mesmo sem pétalas.
           As pétalas se vão,
           porém a flor fica,
           iluminando a Vida,
           desfiando o infinito.
           Tu és eterna,
           pois refletes o infinito.
           A essência é a flor,
           tu mesma és o quid.

Lars Eriksen


(recebi este poema do Lars e insiro aqui para que conheçam um pouco mais deste poeta que semeia letras, lavra palavras e colhe belos frutos!)
Mais poemas ver em: Sombra  e  Barata paraconsistente   (ambos neste blog - basta clicar em cima dos títulos que se abrirá nova página). Fotos: Susan Blum. Respeite os direitos dos autores.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

REAL / FÁBULA - vida imita a arte?

Recebi a notícia ontem.
Uma ALUNA... uma ACADÊMICA... se fazendo de "cega"??

O relato diz que uma acadêmica de pedagogia forjou um sequestro para não entregar o TCC.
http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2012/07/03/estudante-forja-sequestro-para-nao-entregar-tcc-diz-policia.jhtm

Claro que me lembrei de imediato da fábula:

OS TRÊS RATINHOS CEGOS
 



Num belo dia, três ratinhos estavam dançando de tanta alegria, pois não trabalhavam, e passavam o dia inteiro brincando no reino.
Mas certo dia, o rei estava comentando com o duque que o reino estava entrando em falência. Depois de passarem horas e horas pensando, o duque teve uma idéia ótima: de toda a Ratolândia trabalhar, menos os que têm necessidades especiais. O rei amou a idéia do duque, e disse:
__É isso mesmo que eu vou fazer.
Assim, o rei chamou todos os cidadãos de Ratolândia e declarou o seguinte:
__Cidadãos de Ratolândia, eu declaro que todos vão trabalhar menos os que têm necessidades especiais.
Os três ratinhos ficaram com muita raiva, pois tinham que trabalhar para poder comer, então o irmão mais velho teve uma idéia: iam fingir que estavam cegos, e assim não trabalhariam e comeriam de graça. Mais tarde, os ratinhos foram até o rei, este sabendo que eles eram cegos, declarou que não iriam trabalhar. Os ratinhos muito felizes foram caminhando pelo reino, mas sem querer saíram pela porta errada, pois era a saída do reino. Lá fora, tinha um gato muito feroz que pulou em cima deles, então os ratinhos tiraram os óculos escuros, começaram a lutar com o gato, depois correram desesperados para o reino.
Eles conseguiram voltar para o reino, mas o rei percebeu que eles não eram cegos, dessa forma ele ordenou que eles teriam que trabalhar dobrado para pagar os atrasados, e assim foi.

MORAL: Para ter direitos, temos que cumprir deveres.
 
(imagem de autor desconhecido. Recebi de meu amigo Daniel Clovis Santos Nascimento - pelo facebook)
p.s. não é porque coloquei a fábula que concordo com ela... hehe (sempre deixar a pulga atrás da orelha. É o ponto!) 

domingo, 1 de julho de 2012

FICÇÃO - Sombra (de Lars Eriksen)


Vida alegre, boa, burguesa.
brincava com a ciência,
desdenhava da filosofia,
praticamente sem problemas.
Então atentei para a minha sombra.
Formidável, fazia tudo o que eu queria.
Andava se eu andava,
divertia-se se eu me divertia,
sumia se eu apagava a luz.
Pulava, saltava, talvez até risse.
Não incomodava,
somente obedecia.
Parece que até cantarolava.
Era verdadeira serva,
como que mulher dos velhos tempos.
Cativa ideal, que tudo ouve calada,
que não discute,
que não discorda,
que não se cansa,
que se presta a tudo,
realmente tudo.
Mas tentei cortá-la,
pois cansado dela, procurei separá-la de mim.
No fundo, não fazia o que eu de fato queria.
Desaparecia no escuro, concordo,
mas reaparecia no claro,
sem me consultar.
Empurrava-a, mas ela não ia embora.
Gritava, mas ela fingia que não escutava.
Penso que zombava de mim.
Acabei por compreender, por experiência,
experiência árdua,
que ela não era, realmente, minha escrava,
porém, imagine-se tamanho absurdo,
que eu era o escravo de minha própria sombra!

(texto de Lars Eriksen - do livro Paraconsistência. Imagem de Adonai Sant´Anna - blog http://adonaisantanna.blogspot.com.br/) Favor respeitar os direitos dos autores.