novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

FICÇÃO - Presa.


- Oi amor.

- Tudo bem. Estou no ônibus.

- Claro.

- Não amor hihihihihi (com a mão na boca)

- Não amor. Não posso falar isso.

- Porque não posso. hihihihi

- Não posso falar isso amor.

(nesta altura, muitos próximos da moça se entreolham e sorriem).

- Não posso falar amor hihihihihi

- Não posso falar isso porque tenho a língua presa.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

FICÇÃO - Oh céu.... lular

Paraná. Curitiba. Expresso Centenário-Campo Comprido. 20:30. -25.438026, -49.331899



- Oi amor.

- Não. Saí mais cedo de lá.

- Não. Estou no ônibus.

- Estou sim amor! Saí mais cedo de lá e estou no ônibus!

- Não amor. Não vou passar o celular para alguém do ônibus dizer que estou no ônibus.

- Porque não.

- Porque EU tô dizendo!

- Não amor. Calma amor. Não. Eu não vou até aí.

- Amor, para!

- Amor, não grita.

- Não. Eu não quero apanhar (sussurrando)

- Não amor, não vou pagar um táxi para chegar antes.

- Não amor.

- Amor?

- Eu vou dormir na casa dos meus pais hoje! Amanhã a gente se fala! (voz mais firme)

- Não amor. Não vá para lá!

- Amor?!?

Ela fecha o celular, olha para todos e suspira baixinho:
- aiai. Oh céus!

(Texto: Susan Blum. Imagem: internet).

terça-feira, 23 de setembro de 2014

FICÇÃO - Chapeuzinho Roxo

Era uma vez... não. Esta não começa assim.
Roxo. Meio roxo. Muito roxo. E dolorido. Em uma meia moldura inchada e dolorida, o olho semi-aberto se observa no espelho.
Pega a maquiagem e tenta, com meio sucesso, esconder o roxo do olho.
Sentia raiva, MUITA raiva, dos covardes que fizeram aquilo. Enfrentou-os com meia coragem. Agora engolia o choro, porque não se deve chorar. E relembra da surra. Aqueles animais!
O ódio parecia evaporar as meias lágrimas que insistiam.
Pegou seu chapéu roxo para sair de casa. Andar sempre ajudava. Antes de sair, no entanto, o ritual de sempre: pegar uma meia, dobrar algumas vezes, passar por dentro de um lado, afofar para parecer um pênis e enfiar por dentro da calça. Agora sim! Ficava mais confiante!
Viu os meninos da vizinhança brincando de futebol. Pediu para entrar. Depois de um tempo jogando bola, resolveu voltar para casa.
Mas ao entrar no quarto rosado, com babados, bichinhos e estampas florais, sentiu de novo a raiva aflorar.
Será que sua mãe não enxergava?
Que droga! Novamente infeliz, se jogou na cama e mais uma vez chorou.
Passados meses, soube de uma cirurgia que poderia ajudar. Guardou dinheiro e fez!
Sentia cansaço de escutar o de sempre:
"Não importa se você é diferente. Amo você mesmo assim".
Como assim MESMO assim? É uma doença por um acaso? Um defeito? Que horrível dizer isso!
Mas agora, com o tratamento que estava fazendo, tinha certeza de que iria ser feliz!
Depois de meses, entrou no quarto ainda rosado, correu para o espelho, arrancou as roupas do corpo e deixou-as em frangalhos jogadas no chão.
Por fim, tirou o chapéu roxo e viu, satisfeit@:
Finalmente era lobo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

REAL - Jack o estripador.

Não é o príncipe, não é um maçom...
é um judeu.
Perseguição?
Poderia ser se não estivesse comprovado por exames de DNA.
Jack era Aaron Kosminski. Um barbeiro judeu vindo da Polônia!
Acabou-se o suspense, 126 anos dele ter matado 5 mulheres inglesas, no distrito londrino de Whitechapel, no final de 1888.
Poderia ter escrito um conto sobre isso... mas agora perdeu-se a graça.
O suspense era o que mantinha o mito.
É como se descobrissem o monstro do Lago Ness e eu quisesse escrever sobre ele.
O inacabado, o suspense, o ar preso na garganta, a respiração parada, o ouvido atento para o nada... isso é a graça.
Mas, já que foi desvendado...
Fica aqui a notícia!
Jack, o estripador.




sábado, 6 de setembro de 2014

FICÇÃO - Poemas de Cezar Joukovski

ADORO minha profissão
Uma das coisas mais gostosas é conhecer bons poetas.
Não foi diferente!
Um aluno me procurou para mostrar os escritos.
Sem comentários!


Repeti que ia ser diferente
mil vezes.
Sou um ab-surdo.

Eu já perdi o controle dessa saudade,
e cansei de ter que ser aquele
que sempre se levanta para
trocar de canal.

Para vencer a pelada:
confiança nu dez.

Alguém me disse 
que a verdade é transparente
eu duvidro.

A tristeza que vacinou
minha doçura,
tinha bala na agulha.

uma bordôleta:
duas taças de vinho
fazendo tim-tins no céu.


Nota final sobre a vida:
acenda uma luz antes de sair.

(Textos: Cezar Joukovski. Imagens: Internet)