novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

sábado, 28 de janeiro de 2012

REAL - vídeo para concurso

Olá pessoal
fiz um vídeo com fotos minhas para um concurso.
Tomara que eu ganhe a máquina!!

vejam em Eu sou tudo isso e muito mais...

Beijos a todos e obrigada pela torcida!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

REAL - educação ... vem de berço??

     Ser professor é uma escolha (será que é realmente uma escolha??) difícil.
     Nunca foi fácil dar aulas. O salário, o número de alunos, a bagunça e o desrespeito, sempre foram temas de discussão entre docentes. Mas ultimamente parece que o desrespeito, a ignorância e a bagunça têm aumentado muito. Basta ver diversos vídeos no youtube de professores raivosos jogando celulares no chão ou pela janela (isso quando não em cima do próprio dono do aparelho infernal).

     São situações sempre repetitivas que incomodam o professor pois gastam um tempo que poderia (e DEVERIA) ser utilizado na EDUCAÇÃO e na aprendizagem.
     Sempre responder as mesmas perguntas que já foram inseridas em planos de aula (apresentados no primeiro dia de aula e continuamente presentes em portais).
     Dizer que não. NÃO há trabalhinhos extras em final de semestres para "escapar" de provas finais.
     Não. NÃO pode fazer MANUSCRITOS  digitados. Conhecem a expressão manuscritos ? Mão?? Manus??
     Não. Os celulares devem permanecer desligados durante as provas. Escrevo no quadro. Aviso verbalmente e mesmo assim SEMPRE tem um que toca no meio da prova. Pior: o aluno diz que vai desligar e fica olhando a mensagem que recebeu. CLARO que dá vontade de pegar o dito cujo e jogar no chão!
     Sem contar as famosas "pérolas" na escrita.
     Incrível como tem aluno que consegue preencher as oito linhas solicitadas, mas falando várias coisas sem sentido, sem amarração, parafraseando a si mesmo, sem chegar a nenhuma resposta! Falar "bonito" mas sem conteúdo. Especialidade dos alunos atuais.
     Pensar?? e a preguiça? muito mais fácil copiar. (Sobre isso eu já citei algo no post Plágio, aqui no blog).

     Parece que o professor hoje em dia tem que aguentar desrespeitos, deve ser pai e mãe, amigo e mestre - (tudo ao mesmo tempo). Saber impor limites e ao mesmo tempo compreender problemas. O professor tem que ser psicólogo, cientista, ator, dar show, ter didática, ter conhecimento PROFUNDO de tudo...
     Se o aluno não passa, a culpa é do professor... se a turma é aprovada em peso, o professor é mole. Sobre isso gosto de citar o blog de Adonai Sant´Anna, post sobre aprovação e reprovação de alunos.
     Uma vez um aluno (aula da manhã) entrou bêbado na sala. Eu não permiti a entrada dele. Ele veio tentar me abraçar dizendo que sou como uma mãe para eles. Fui rápida: "sou PROFESSORA de vocês. Não sou mãe de ninguém." Dia seguinte ele veio se desculpar.
     Não consigo compreender o porquê dos alunos aparecerem em sala de aula com bebidas, cigarros, maconha - muitos respondem a chamada e ficam lá fora. E, claro, são sempre estes que depois ficam para final comigo ou até reprovam. Pois como vão aprender algo se não estão presentes? 
     Pior: dou aula de língua portuguesa. Muitos (não é exagero) não sabem escrever corretamente (a palavra exceção aparece de variadas formas). A maioria (de novo, não é exagero) não sabe escrever amarrando as ideias. São analfabetos funcionais. São poucos os que escrevem bem, que se expressam, que conseguem transmitir as ideias (próprias) com concatenação, coesão e coerência.
     O que podemos fazer com estes alunos? Pergunto: a educação vem de berço? Podemos mudar algo? Creio que sim. Mas não com brandura e aceitação. Devemos ser duros, rígidos, cobrar seriedade. Cobrar responsabilidade. Porque passar a mão na cabeça os pais já fazem muito.
     Basta ver situações em que meus alunos universitários não conversam e ARGUMENTAM comigo. Mas os pais aparecem para tentar me convencer a anular faltas (quando reprovam por falta) ou aumentar a nota. Que pais são esses? Se eu fosse mãe, teria vergonha de fazer isso. Daria uma bela lição em meu filho e deixaria ele reprovado! 
     Mas, claro, sempre há exceções. Também tenho (tive) alunos ótimos. Poucos. Mas alguns!
(foto by Susan Blum - dia de prova na UP) 
Quer se aprofundar no assunto ou saber mais sobre este problema, de maneira diferenciada?
Veja o blog de Adonai: Histórias que posso contar.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

REAL - mecânica quântica para crianças ? ?

Será possível falar de mecânica quântica para crianças??
O matemático Adonai Sant´Anna prova que sim!
Leiam no blog dele:

(basta clicar no título que você abrirá nova janela para o blog dele. Imagem: Feathers - retirada do site Caverna da Arte - basta clicar no titulo da obra que você abrirá nova janela para o site)

REAL - Como Nossa Educação Contribui para o Crime Organizado (LEITURA OBRIGATÓRIA)

Como a educação contribui para o crime organizado...

não é nada disso que você está pensando: sem educação as pessoas caem no crime!
É MUITO pior que isso!
(imagem de Adonai Sant´Anna, retirado do blog acima indicado. Basta clicar no título
que você abrirá nova janela para o blog dele) 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

FICÇÃO - Fiat Lux

E da escuridão se fez a luz.
Da luz veio, à escuridão retornará.
(Gênesis 1:32)


Os primitivos não se deixavam fotografar pois temiam que a máquina lhes roubasse a alma. De certa forma isso ocorre, não é à toa que Sandro Lanari odiou Nadar. Mas estou fugindo da história real. Esqueça a ficção. Vamos para a técnica: todos sabem que fotografia é a escrita da luz. Diz Dubois que é preciso que haja luz, que o sujeito (objeto) irradie luz para queimar a película sensível e ali permanecer a sua impressão. Assim, algo é realmente roubado da gente quando se tira uma foto: nossa luz!
Lucas sabe disso agora que leu o livro. Imagina o que aconteceria se ficasse a cada instante tirando fotos suas. Instala em toda a casa várias câmeras digitais que são manejadas de forma que, a qualquer movimento, são disparadas. Assim, Lucas é constantemente atingido pelo flash delas.
Lucas era um rapaz saudável, comia de tudo, adorava namorar, dificilmente ficava em casa. Seu sono era agitado como sua vida. De manhã via que havia MUITAS fotos dele dormindo. Cada movimento que fazia para ver as fotos de seu corpo nos braços de Morfeu, sentia o flash por todos os lados.
Na alquimia fotográfica cada luz é metamorfoseada em cor. Registros de bocejos, arrotos, piscadas, mal-humor, risos, falando sozinho, coçando o saco, comendo pipoca enquanto vê TV, sustos ou medos que se revelam no rosto durante o sono, risadas no telefone, dúvidas desconhecidas, ações inimagináveis. Flagrantes de pequenos delitos noturnos ou diurnos.
As garotas não queriam mais ir até sua casa. Achavam esse fetiche muito estranho. Lucas passou a ficar mais tempo em casa. Sentia-se, aos poucos, cansado. Não sentia mais vontade de sair. Movia-se lentamente para ir ao banheiro ou até a cozinha. Não sentia mais tanta fome como antes. Comia menos. Dormia cada vez mais.
Todo Lucas é flagrado, todo Lucas é atingido pelo flash que lhe rouba a luz irradiada dele e que queima a película tão sensível. Lucas vai se conhecendo, se descobrindo, na visão das imagens de si mesmo. Começa a perceber o que era dito nas aulas de meditação: auto-observação. Segundo Dubois a luz é necessária para o surgimento da imagem, mas também pode fazê-la desaparecer, apagá-la, eliminá-la. Por isso é tão importante para Lucas guardar e resguardar cada foto dentro de cartões pretos grossos. Não quer que suas fotos desapareçam.
Um dia percebeu que as fotos das formiguinhas que invadiam constantemente sua cozinha foram ficando espaçadas, até que pararam. O mesmo com os mosquitos que antes visitavam seu quarto em busca do sanguíneo alimento.
Uma manhã, ao se olhar no espelho, imagina ter se visto mais “apagado”, mais claro ou mais escuro (depende do ponto de vista). Resolve que não mais se olhará no espelho. Olha-se apenas através do olhar do “outro”: da máquina. Olha-se pelas fotos que lhe são apresentadas. Mesmo nelas vê que está se transformando em uma névoa sombrosa, mas que ainda tem consciência. Que ainda pensa e sente.
Um dia seu irmão, que morava em outra cidade, foi avisado pelo síndico que Lucas havia sumido. Veio, procurou, desistiu, e depois alugou o apartamento. Mas as pessoas rapidamente se mudavam dali, assustadas. Diziam que sempre avistavam uma sombra.


(este conto faz parte do livro Novelos Nada Exemplares - à venda em várias livrarias ou por aqui)


domingo, 8 de janeiro de 2012

REAL - PLÁGIO

vozes a mais

vozes a menos
a máquina em nós que gera provérbios
é a mesma que faz poemas,
somas com vida própria
que podem mais que podemos
(Paulo Leminski)

Lá vem ele navegando pelos mares virtuais, saqueando ideias alheias, control C control V e mais uma ideia é pirateada por este navegador inescrupuloso que não se interessa em saber se foi fácil ou difícil concatenar ideias, ligar pontos, associar teorias... o que lhe interessa é ir bem na nota. Ficar bem com o professor.


Ou seja, fica apenas no control C control V, formatando uma colcha de patchwork mas sem saber se as costuras estão bem feitas, ou se há combinação dos “pedaços” recolhidos e costurados.


Não tem a menor ideia de como foi difícil ao autor do texto costurar com linhas fortes de argumentações e com pontos firmes de conclusões.


Estou sendo metafórica demais?
Então vamos direto ao ponto. Quem foi, ou é, meu aluno sabe o quanto combato o plágio.


Quando encontro escritos plagiados dou zero, e comunico à coordenação. O aluno pode até não ser expulso da instituição, mas está “queimado” com os professores e dificilmente receberá recomendações.


Sempre digo aos alunos sobre as penalidades, por lei, do plágio (desde meses até um ano de cadeia e/ou multa). Sempre comento da dificuldade de se PENSAR e de escrever ideias inéditas, fazer associações com bases metodológicas, argumentativas e com pesquisa séria. Nem vou comentar sobre o enorme aumento de plágio em trabalhos universitários. Mas o pior é que a maioria dos alunos me diz que nunca foi falado para eles que isso era plágio -  que usar fontes e não citá-las era um crime.


Eles reclamam que isso deveria ser ensinado desde cedo nas escolas. E fiquei me questionando o quanto isso era real. Lembrei que quando criança (lá pelos idos de 74 / 76) as professoras pediam que pesquisássemos sobre algum assunto (por exemplo: Descoberta do Brasil). E que eu pegava as folhas de papel almaço, pegava o número certo da Enciclopédia (naquela época os vendedores passavam de casa em casa convencendo os pais de que ter uma enciclopédia em casa era importantíssimo para a cultura dos filhos), copiava (ipsis literis) o que estava escrito. Isso seria plágio... mas... lembro que sempre colocava ao final do trabalho de onde foi retirado o texto (ou seja, citação!!).
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Está certo que somos aquilo que lemos, vimos, experimentamos, ouvimos e absorvemos de outras culturas e outras artes. Quando trabalho intertextualidade e hipertextos com meus alunos de PP comento isso. Que precisamos de um repertório ou bagagem cultural (vide artigos de Iser e Jauss), e que somos parte de uma teia. Ou seja, fazemos relações e associações como um mosaico de conhecimentos e artefatos. Basta pensarmos também em Bakhtin com seu dialogismo e sua polifonia (não entrarei em detalhes aqui, mas é interessante para se pensar os diferentes diálogos que promovemos com passado e presente, ou seja, somos intermediadores de textos e imagens).


Como diz Kristeva (que utilizo em minhas aulas), o hipertexto tem sempre uma intertextualidade. É dela a célebre frase que inaugura a primeira definição de intertextualidade: “todo texto se constrói como um mosaico de citações, todo texto é a absorção e transformação de um outro texto” (1969, p. 85).
Mas isso não quer dizer que devemos “copiar” sem citar! Ao contrário!
Está em discussão, atualmente, um assunto relacionado a isso: a jovem escritora alemã que está fazendo sucesso. Essa “escritora” alemã (coloco o termo entre aspas porque, na minha opinião, ela é apena ladra), já me chamou a atenção pelo próprio título do livro – Axolotl Roadkill – imediatamente me lembrei de Julio Cortázar com seu conto Axolote. Esta menina atropelou vários escritores com seu livro, pois insere trechos e frases de vários autores e blogueiros sem citar! Não estou criticando o fato dela ter usado outras obras, pois eu também utilizei alguns termos ou frases de outros escritores, pensadores e filósofos em meu livro de contos, mas os cito ao final dele.


Assim, devemos saber separar uso de abuso. Ter ideias não é fácil, desenvolver as ideias também não é... já roubar ideias é fácil (como tirar doce de criança) e deve ter seu “castigo”. É um absurdo que editoras permitam que esta “escritora” continue a vender seu livro. Assim como é um absurdo que “universitários” tenham preguiça de pesquisar, fazer associações, buscar argumentações com proposições SUAS, com conclusões próprias.
Este post acabou muito extenso e pouco profundo. Mas o assunto daria praticamente uma tese. Fica apenas como reflexão sobre autoria, plágio e pesquisa.
Também aconselho a buscarem o link - sobre Como Nossa Educação Contribui para o Crime Organizado, de Adonai Sant´Anna


E a música Em Berço Esplêndido - Adonai Sant'Anna II
(basta clicar em cima dos nomes que você será direcionado para o blog e youtube)
Ou seja, naveguem meus caros alunos, mas naveguem sabendo pesquisar, refletir, pensar e PRODUZIR. E não sendo meros piratas da cara de pau.

Para quem tiver maior interesse, basta procurar


O dialogismo de Bakhtin (1997), ou melhor, as relações dialógicas apontadas por ele no estudo "Estética da criação verbal". Essas relações partem da premissa de que "todas as palavras e formas, que povoam a linguagem são vozes sociais e históricas que lhe dão determinadas significações concretas e que se organizam no romance em um sistema harmonioso [...]".

KRISTEVA, Júlia. Introdução à Seminálise. São Paulo: Debates, 1969.
(todas as imagens foram retiradas da internet)
P.s. na faculdade, sempre via cartazes ou folders de pessoas que "corrigiam" trabalhos acadêmicos. Como sabia que eram, na verdade, pessoas que eram pagas para FAZER os trabalhos, eu sempre arrancava tudo dos editais e jogava no lixo! NÃO ACEITE ISSO! Denuncie!