Sou professora. Iniciei minha carreira com 17 anos de idade, fazendo o cursinho e ao mesmo tempo dando aula em um Jardim de Infância. Fiz a faculdade de Psicologia ainda dando aula para outro Jardim de Infância. Adorava o respeito, o carinho, mas principalmente a inteligência e curiosidade das crianças.
Percebia a empatia imediata de ambas as partes.
Depois, dei aula durante anos em uma ONG para menores carentes, para serem aprendizes em empresas. Tive alguns problemas sim, mas ainda havia muita empatia. Muitos dos alunos me respeitavam, me "protegiam" das gangues (poucas...), me adoravam.
Fui dar aula na faculdade FAC e FAPAR. Alunos fantásticos!! Alguns tinham dificuldades na aprendizagem, mas todos me respeitavam (exceção de um ou dois), e havia MUITA empatia.
Saí das faculdades e da ONG e entrei na Universidade Positivo.
O que percebi? Muita diferença. Claro que há alunos bons que querem aprender, que querem se desenvolver, que tiram dúvidas, mandam e-mails, trocam ideias, conversam pelos corredores, pedem ajuda com livros. Mas devo confessar que a grande maioria me causa "arrepios".
Alunos que não se dedicam, não estudam, não buscam.
Um exemplo: falei de seminários que teriam que apresentar agora em outubro. Quando falei dos seminários? Dia 26 de JULHO! Repeti o procedimento dos seminários em agosto, em setembro e início de outubro. Quantos tinham decidido que conto/romance/crônica ou poema trabalhar? metade (e olha lá!).
O desinteresse, a falta de bagagem cultural, as perguntas básicas sempre sendo refeitas a cada instante (tanto que agora, além de falar ao VIVO, escrevo no quadro e deixo avisoSSS no portal) e sempre tem algum aluno que pergunta DE NOVO e apenas aponto para o quadro!
E mesmo assim as mesmas perguntas de sempre após UM ano comigo: "o manuscrito é à mão?"
Juro, por vezes dá vontade de dizer... "Não... manuscrito é digitado! heheheh" Como vou avaliar a escrita deles se fazem digitado? Tá certo que mesmo digitando eles cometem erros diversos, mas outros erros o word corrige automaticamente. E quando estes alunos forem preencher alguma ficha lá fora escrevendo:
"agente queremos emprego, por que não é excessão. Porisso oque precisamos é de istudo" ??
Isso mesmo, estes erros todos são comuns na escrita de muitos deles. E mesmo após a explicação de quando usar por que, porque, porquê, por quê.. mesmo explicando que é exceção, por isso, estudo, a gente, o que, etc...
Não estou querendo aqui bancar a grossa em expor alunos. Mesmo porque não cito nomes. Mas fico imaginando qual o futuro do Brasil se muitos universitários não buscam o aperfeiçoamento pessoal e profissional. Culpa de quem? Não sei... espero que não minha!
Eles não sabem quem foi Beethoven, JK, Salvador Dalí, Dalton Trevisan, Clarice Lispector, Magritte, e tantos outros nomes que cito em aula. Nem vou começar a falar aqui do problema de plágio! Melhor deixar para outro post.
Mas estou falando de empatia, e fugi do tema. Trabalho em sala dois textos.
Um sobre o paradigma (dos macacos presos na jaula que levam banho de água fria) e dos macacos que passam fome para não ver outro macaco sofrer. (caso haja interesse ver em http://www.youtube.com/watch?v=g5G0qE7Lf0A
e http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=45543
E fico pensando até que ponto nos falta empatia para respeitar ao outro que está falando em um seminário, dando aula, explicando algo (seja professor ou aluno, ou seja, colega de classe).
Por vezes penso que eles se sentem tão acima dos outros que são como as ovelhas que olham as colegas sendo mortas e nem dão bola, por acharem que o mesmo nunca vai acontecer com elas.
Metáfora demais?
Então talvez seja melhor apenas observar a foto. E... quem sabe.... ter um pouco de empatia....
The Hidden Death by Tommaso Ausili, courtesy of the Sony World Photography Awards
Afinal, hoje nós estamos olhando,
amanhã, podemos estar pendurados!
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