novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FICÇÃO - O primeiro encontro (de Guilherme Moratto)

Este conto é de um aluno meu.


Nunca vou me esquecer. Era uma quarta-feira. Acordei cedo, me vestindo da melhor forma possível, afinal, a ocasião merecia. Tentei engolir alguma coisa, mais não consegui. Tomei apenas um bom gole de café, quente e forte. Sai às pressas, tinha um longo caminho para andar. O sol começava a nascer e a manhã estava linda, como eu havia pedido. Segui caminhando, perdendo-me em meus pensamentos. Quando me dei conta, estava quase chegando a meu destino. Virei à direita e entrei na pequena trilha, que apenas eu conhecia, e continuei andando, desviando dos galhos das árvores que cobriam o caminho. Não demorou muito para avistar o lugar onde passava a maioria das minhas tardes. Era como se fosse minha segunda casa. Meu verdadeiro lar.
Avancei e avistei minha linda campina. A mais linda das campinas de todo Vale Suede. Eu a havia batizado de campina das cores. Qualquer um que a visse entenderia o porquê deste nome. Havia flores de todos os tipos, tamanhos e cores. Era rodeada por um círculo completo e exato de árvores, que guardavam e protegiam minha linda campina. As cores se misturavam, transformando-se em um tom psicodélico. Estava tudo perfeito. Como eu imaginara. Tudo perfeito para nosso primeiro encontro. O dia em que veria, pela primeira vez, meu grande amor.
Estava nervoso, pensei em ver as horas, mas desisti. Deitei-me na grama, e esqueci tudo o que tinha neste irrelevante mundo material. Respirei calmamente e pedi para que o espírito da mãe natureza viesse a mim. Pouco a pouco, comecei a sentir o vento quente da primavera batendo sua brisa em meu corpo. Ouvi o lindo canto dos pássaros, que diziam que tudo iria dar certo. Senti o cheiro da terra, ainda úmida, e da grama onde estava deitado. Acalmei-me. Adormeci.
Não tive tempo de sonhar. Acordei sentindo sua presença. Levantei-me, olhei uma última vez para a campina, agradecendo por tudo que ela já havia me proporcionado. Quando me virei para ir a sua procura, vi seu corpo, lindo e forte, na entrada da campina. Meu coração disparou. Tudo aconteceu em segundos, mas foi claro. Instintivamente, corremos um para o outro, parando no meio da campina, com um lindo e longo abraço. Olhamos-nos, estávamos sem palavras. Abraçamos-nos novamente e recitei em seu ouvido, aos sussurros, aquele lindo poema que escrevi especialmente para ele. Era simples, mais dizia tudo: “E pela segunda vez ele bate. Desesperado, apaixonado por você.”. Nos demos as mãos e ficamos em silêncio. Não conseguíamos acreditar que aquilo estava acontecendo. Estávamos imóveis.
Puxei-o para mais perto de mim e como se o tempo estivesse parando, aproximei seu rosto do meu e nossos lábios se encontraram. Seu gosto era maravilhoso, seu toque, intenso. Ele levantou seus braços e envolveu-os em meu pescoço. Estávamos conectados por um amor que ninguém poderia destruir.

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