novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

FICÇÃO - PASSAGEM SÉPIA


Na penumbra do quarto fechado apenas destoa a réstia de sol que passa pela pequena abertura da cortina amarelada.


Nela, outra cortina se forma, feita de pequenos pontos de pó que voam e sobrevoam na luminosidade esmaecida do quarto banhado em sépia.


Na cama o doente apenas olha.


O fio da memória balança o olhar perdido, que busca no pó e no amontoado das caixas antigas das recordações, uma visão dessa cortina esvoaçante de pós da sua infância.


Mas é tarde, muito tarde.... Pelo canto dos olhos cansados passa o coelho branco... ele corre pelos corredores da vida... ainda vislumbra rapidamente o pedaço da saia azul e alguns fios dourados de Alice que segue o coelho... aproveitando as portas abertas de Barba Azul.


Tudo passa a ser espaço de luz âmbar em um tempo sépia.... mais e mais... até que... tudo o que restará do doente na cama será exatamente isso... uma foto, amarelecida pelo tempo, de uma criança lendo Alice.

Um comentário:

  1. Ei Susan que poema bacana! Adorei as referências.
    Sucesso.
    Beijo
    Cris Otoya

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