Na penumbra do quarto fechado apenas destoa a réstia de sol que passa pela pequena abertura da cortina amarelada.
Nela, outra cortina se forma, feita de pequenos pontos de pó que voam e sobrevoam na luminosidade esmaecida do quarto banhado em sépia.
Na cama o doente apenas olha.
O fio da memória balança o olhar perdido, que busca no pó e no amontoado das caixas antigas das recordações, uma visão dessa cortina esvoaçante de pós da sua infância.
Mas é tarde, muito tarde.... Pelo canto dos olhos cansados passa o coelho branco... ele corre pelos corredores da vida... ainda vislumbra rapidamente o pedaço da saia azul e alguns fios dourados de Alice que segue o coelho... aproveitando as portas abertas de Barba Azul.
Tudo passa a ser espaço de luz âmbar em um tempo sépia.... mais e mais... até que... tudo o que restará do doente na cama será exatamente isso... uma foto, amarelecida pelo tempo, de uma criança lendo Alice.
Ei Susan que poema bacana! Adorei as referências.
ResponderExcluirSucesso.
Beijo
Cris Otoya