novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

terça-feira, 6 de outubro de 2009

FICÇÃO - A PEDRA MÁGICA


Conhecia-a. Conheci-a?


Sou uma pessoa que ao mesmo tempo que procuro me envolver com as pessoas, procuro manter distância delas ao menor sinal de “dependência”. Seja da minha parte, seja da delas.


Mas gosto e faço de tudo para ajudar as pessoas, mas isso por mero egoísmo, pelo pleno sentimento de me sentir bem. Ela era uma moça um pouco gorda, um pouco feia, um pouco inteligente. Essa visão plena de medianos me deixava desconfortada. Resolvi que iria ajudá-la.


Descobri que volta e meia ela faltava às aulas por causa de um problema de depressão, como era possível ela sair do mediano para ir para baixo, achei que poderia encontrar algo que a elevasse. Comprei uma pedra que me fascinou na casa de artesanato do Brasil. Uma pedra que tinha um brilho médio, uma cor indefinida (a expressão cor de burro quando foge nunca me foi tão apropriada), um tamanho entre grande e pequena, enfim, uma pedra mediana, mas com um certo quê irresistível. Algo que chamava a atenção ao repousarmos nosso olhar nela.


Um dia a encontrei na faculdade, triste, desacorçoada. Tirei a pedra do bolso com toda a majestosidade possível neste simples ato.


Dei a ela junto com uma história de um amigo meu que conheceu um índio norte-americano (creio que disse navajo, mas não me recordo mais) em suas andanças pelos Estados Unidos. Ela possuía uma vibração especial que elevava o espírito da pessoa. Ao carregar a pedra a pessoa se sentiria muito bem e feliz. Mas ao encontrar outra pessoa em pior estado, deveríamos doar a pedra a ela. Repassando assim esse “talismã” adiante, junto com a história. Meses depois reencontrei a moça. Ela estava feliz, satisfeita com a vida. Perguntei da pedra e ela me disse que já passou adiante, tendo o cuidado de presentear a história também.


Sei que menti. Deslavadamente menti. Mas aquele sentimento tão egoísta de felicidade me invadiu e não me importei com o fato de uma história falsa estar correndo por aí. Tantas falsidades existem. Que mal fará essa?


O meu único medo é que a moça, ao ler isto, venha me cobrar e retire esse sentimento egoísta de felicidade que tenho. A única coisa que tenho, pois a pedra... esta eu já dei.

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