novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

FICÇÃO - SÍLFIDE



Serpente venenosa, a fumaça do cigarro ia subindo. As imagens das antigas namoradas vinham como a fumaça, em névoa fantasmagórica. Agora sozinho, sem ninguém... só agora, de velho, percebe que seu jeito afastou todas as pessoas que o amavam e as poucas que ele realmente amou.


Sua visão também estava ficando turva, os olhos vermelhos – apesar de fumar há anos eles sempre se irritavam com a fumaça – e seu olhar brumoso vislumbra na fumaça um rosto. Encafifado, força a visão e começa a delinear um rosto feminino...


Sim... a fumaça do cigarro está desenhando um rosto feminino... perfeito, olhos, nariz, boca... pensa em chamar a empregada para também ver isso... mas a fumaça é muito etérea e qualquer movimento mínimo já desfaz por milésimos de segundos o rosto perfeito... ele se força a ficar com a mão parada, imóvel. Quase sem respirar, pois também a respiração atrapalha a figura feminina...


Ela parece estar abrindo a boca para falar...


Mas o cigarro está no fim e ele se esforça por ouvir o que ela fala... antes que se apague...


O que ela diz?


Sílfide?


Só fode?


Só pode! Só pode estar dizendo isso... que eu sempre me fodo!


E a imagem desvanesce-se por completo... ele pensa ouvir um riso daquela boca sensual que lhe dizia algo...

2 comentários:

  1. Antes que certos "alguéns" pensem besteira... este conto foi escrito em 2001.... nada a ver!!! Quem tem meu livro em arquivo de computador pode conferir!!!

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  2. belo modo de retratar a fugacidade, q se materializando em névoa caprichosa, recusa qualquer corporificação ... genial ... genial

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