novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 11 de outubro de 2009

FICÇÃO - MISSIVA



Rio de Janeiro, 2005. Hospedada em um hotel próximo ao Largo do Machado, passava os dias apreciando as praias, os centros culturais e a vida úmida carioca. Nestas andanças, flaneando entre livros e lembrando do poema de Apollinaire, compro um livro e vou direto ao quarto para ler. Folheando, encontro um envelope amarelado, abro e encontro um tesouro. O que segue é a transcrição da missiva que encontrei....





Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1976.


Cara Clarice


Venho por meio desta lhe contar que de agora em diante a minha sorte vai mudar. Lembra que eu lhe contei, na última carta, que o Olímpico me abandonou? Mas acontesse que a Glória me dise de uma cartomante. Dis ela que vou descobrir qual é a estrela da minha vida! Eu ouvi na Rádio Relógio que esa tal de “astrologia” é batata!


Está marcado para depois de amanhã. Assim que eu voltar de lá, escrevo outra carta para vossê, contando as novidades. Mas eu sinto que minha hora chegou! Minha dor vai passar.


Concerteza ela vai dizer que serei uma estrela de cinema! Derrepente viro atriz.


Da sempre sua,


Macabéa


p.s. (acho tão lindo p.s.) O Rodrigo vai levar a minha carta para vosse, como sempre.

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