novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

REAL (parecendo ficção) - Declaração de amor tardia

Sim, eu sei que é tarde demais...

Eu até dizia que lhe amava, em palavras e gestos... mas nunca declarei o que realmente amava em você. Em NÓS.

Sim, eu sei que é tarde. Mas preciso dizer ao mundo que o amor existe. Preciso dizer a você cada coisinha que amava em você. Em NÓS.
O primeiro bolo que dei.
Primeiro, mas não o mais importante: amo seus olhos. Eles vibram em uma intensidade que nunca vi antes, principalmente quando vc me falava de suas paixões. Eu ficava embevecida, observando o castanho, o marrom-esverdeado-dourado, os filetes marinos pelos quais escorriam notas musicais suaves destas paixões.

Eu amo suas mãos. Grandes e fortes, que tinham a leveza certa ao percorrer meu corpo.
Eu amo seu peito, grande o suficiente para aconchegar meu corpo pequeno. Adorava passear meus dedos por entre os pelos salpicados de pimenta e sal.


Eu amava seus raros abraços, amava cada conchinha noturna e diurna que me abrigava do mundo, fortalecia minhas ideias e acariciava meus sentimentos.
Amava acordar ao seu lado, e observar você dormindo; ou acordar e ver vc me olhando.
Amava suas brincadeiras de fingir que estava dormindo e que havia se estendido até para o meu lado da cama (enquanto eu tinha dado uma saída). Quando eu voltava para a cama e via você assim, eu sempre ria com isso. Adorava esta brincadeira.
Amava ver seu sorriso quando me fazia rir. E como ri com vc. Também chorei com vc e por vc, mas o riso é mais fácil de lembrar.
Ah! Já que estou falando dos momentos e deixei seu corpo de lado, eu amava TODOS os momentos de conversas. Amava quando você ia tomar banho. Eu logo ia atrás, me sentava lá e a conversa fluia como a água. Adorava ver você se ensaboando, se lavando e fazendo gracinhas ou apenas conversando.
Amava quando, depois de fazermos um sexo gostoso, você ia buscar suco ou biscoito na cozinha. Comer e conversar: tão bom! Você andando pelo quarto ou ao lado da janela, em contraste com o céu laranja ao fundo. Amava ouvir você. Ouvir suas histórias, seus conhecimentos. Bebia de tudo. Sei que minha memória não é boa e que muita coisa eu não lembrava depois. Perdoe-me. Sei que isso o irritava. Mas garanto que adorava cada momento desse. Amava quando eu dizia que estava caindo de sono e você, sem um pingo dele, me cobria e ia trabalhar lá na sala.
Amava deitar no seu lado da cama, no inverno, para esquentar para vc e quando ficava brabo com isso porque não queria que eu fosse para o meu lado gelado. Mas era tão bom poder me encostar em você e nos esquentávamos juntos (meus pés sempre gelados).
Amava acordar antes de você e conseguir sair do quarto sem lhe acordar, ir comprar coisinhas na panificadora, voltar, preparar uma bandeja e levar para o quarto. Então me sentava junto com vc e tomávamos o café, conversando.

Amava quando você comprava tudo que eu gostava e abastecia sua casa para me receber. Nunca faltaram sorvete, biscoitos, chocolates, e - principalmente - café com leite (mesmo vc nunca tomando café).
Amava sua preocupação em saber se a água do chuveiro estava quente para mim, ou quando comprava aquecedor pensando na mulher friorenta que sou.
Amei aquele dia que você me deu uma florzinha. A única vez que me deu uma flor (mesmo sendo retirada da rua).
Amava quando vc me dava presentinhos surpresa, como o imã com desenho de Escher (fita de Moebius), o gato lendo (de madeira), os cristais, os livros, CD´s, os DVD´s, o chinelo, os vestidos...
Amava ver filmes com você, e quando me deixava cruzar as pernas em cima das suas, ou ficar de mãos dadas vendo o filme.
Quando você ia buscar o cobertor e o travesseiro lá em cima, para vermos os filmes na sala.  
Amava os jantares, os almoços, os passeios.

Ah! as caminhadas nas quadras próximas de sua casa, tão bom andar com você, conversar sobre coisas, filmes, etc.
Amava a sua paciência em parar e me deixar fotografar tudo que queria. Paciência que nem todos têm. Mas você gostava, esperava e sempre pedia para ver as fotos (elogiando muitas delas) e me dizia que gostava disso.

Amava sua bondade como aquela vez que comprou a comida para aquele cãozinho na rua, porque eu pedi para comprar. 
Amava  cada saída nossa, pois você sempre dava a mão. Fosse na rua, no shopping, nossas mãos estavam sempre juntas. Como eu gostava disso!
Amei aquele dia no zoo, a borboleta, o tubarão.
Amei aquele passeio noturno de carro (inesquecível, porque único na minha vida).
Infelizmente vc não gostava de carícias leves, preferia mãos mais pesadas. Eu gostava tanto de acariciá-lo, mas você sentia cócegas e pedia para eu pegar mais firme.
Amava seu jeito brincalhão, as trapalhadas que você fazia! O vidro quebrado com a bexiga d´água, o papel alumínio em volta da cabeça, o pirulito em formato de *** que você mastigou e de madrugada achou pedacinhos. Oi, Homer! O fogo queimando diversas coisas, o cinzeiro que você explodiu, a máscara do V na rua, as suas palhaçadas gostosas, os foras que dava. 
Gostava de fazer surpresas para você. O esquilo pendurado no espelho do banheiro, os chocolates escondidos, os DVD´s dos filmes que você comentava que tanto queria (e eu encomendava), os CD´s de músicas (idem), as roupas, os chinelos, os livros. Pena que você esquecia que eu havia dado de presente  (isso me deixava um pouco triste). 
Amava as promessas de viagens, de presentes, de passeios, de andar de kart, de voltar ao zoo, de ir para Morretes... pena que ficaram só nas promessas.
Lembra daquele dia do barulho no quintal? E era só uma galinha e seus filhotes. O pato que apareceu. O gato de um dia.
Amava as possibilidades de fazermos várias coisas juntos. Adorava as ideias trocadas de cinema, de música, de artigos, de um canto no mato (no futuro), de um apartamento só nosso. Nossos planos de fotos, de livros.
Amei cantar. Amei escrever.
Amava quando se preocupava em limpar BEM o quarto para não me dar bronquite, limpando cada cantinho mínimo dele. Amava sua preocupação com roupas de cama macias e gostosas para nós.
Amava quando fazia ovo mexido e me servia. Quando cozinhava para mim (huumm aquele peixe).
Amava ir de ônibus no inverno gelado de Curitiba, até sua casa, levando de surpresa, bolinhos, docinhos, frutas, agasalhos e remédios nas vezes em que você estava doente (de cama). Ia, via você dormindo (beijava), deixava as coisas por lá (meias, ceroulas de lã) e ia embora sem acordar você ou o garoto. Voltava para casa feliz por ter feito algo para você! 
Amava as possibilidades de tanta coisa que poderíamos fazer... ser... viver...
Amava lembrar do nosso re-encontro tão "impossível", de cada troca de conversas. Ria (e ainda rio) ao lembrar de cada detalhe dele. Amava seu jeito paciente de me explicar as coisas, que depois foi sumindo comigo, mas que eu ainda via quando vc estava com alunos. Não gostava de suas explosões de humor. Nunca estava preparada para estas surpresas (ou quando você me provocava de propósito - não entendia o porquê disso, se você dizia que gostava de mim).
Amava quando elogiava meu jeito de me vestir, de caminhar, de ser. Quando dizia que gostava de meu estilo.
Adorei me esconder no armário do hotel e deixar você me procurando. Passar aquele final de semana em um hotel aqui na cidade mesmo.
Puxa. Amo você. Acho que este amor vai continuar dentro de mim para sempre. Sei que não existe mais a possibilidade (claro que sei, afinal fui eu quem terminou, por causa de suas mentiras. Elas mataram o básico de um relacionamento: respeito e admiração). Que nunca mais haverá o NÓS. Que é tarde.
Mas no fundo, não é tarde. Nunca é tarde para uma declaração de amor. O amor deve ser mostrado. Por mais que nunca mais se realize fisicamente, ele sempre existirá no meu coração. E isso basta para mim (foram dois anos de namoro).

Obrigada por tudo que fez de bom. Sinto pelas coisas erradas que fizemos. Mas garanto que não me arrependo de nada, pois este amor que tenho dentro de mim...
...continuará dentro de mim, vibrando, multicolorido, pululando em notas musicais... para sempre.

NAMASTÊ!
(texto: Susan Blum. Fotos: com exceção da última, Susan Blum)

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