novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 25 de junho de 2017

FICÇÃO - Comida.

Todos os dias acabava escutando a mesma coisa. A mãe pedindo, primeiro com doçura, e depois com impaciência, que a filha levasse comida e remédios para a avó. Se a avó morasse em outro bairro mais distante, eu até entenderia. Mas a avó morava ali mesmo, mesma casa, quartinho dos fundos. Todos os dias acabava escutando a mesma coisa. A filha/neta primeiro se fazia de surda, depois obedecia resmungando.

Isso foi cansando meus ouvidos sensíveis. Primeiro, sensíveis aos gritos, depois à indiferença da filha/neta. Sendo vizinho, isso me incomodava todos os dias. Um dia, decidi resolver aquela situação. Doía meu coração acompanhar tudo aquilo. Pulei o muro, fui até o quartinho da avó, dei a ela os remédios. 


Em uma dose capaz de matar até mesmo um elefante: livrei-a daquele suplício de sobreviver de forma tão indigna. Depois, fiquei esperando a neta, ali mesmo, deitado na cama da avó. Quando ela chegou, levantei de um pulo, a puxei para baixo das cobertas. Ensinei-lhe a sobre a importância de se atender bem ao próximo.

(Texto: Susan Blum.  Foto: internet)

Nenhum comentário:

Postar um comentário