Peguei um carrinho de compras. Andei pelos corredores. Nada me chamava a atenção, o carrinho permanecia vazio. Precisava comprar algo. Algo me fazia falta, mas eu não sabia o que era.
Resolvi pegar algumas uvas. Não era o que queria, mas talvez ficasse com fome de tanto procurar. Pelo menos, teria algo para comer.
Andei por mais algumas horas. Um guarda me disse que o mercado estava para fechar. Dei de ombros e continuei a procurar. As luzes se apagaram, segui minha procura graças a uma lanterna que estava à venda. Uma noite toda e nada. Não sabia o que precisava. Não achava nada.
Pela manhã, chegaram alguns funcionários. Perguntei se eles sabiam o que eu procurava. Ninguém respondeu.
Continuei procurando o dia todo. Depois o mês todo. Por 65 anos eu procurei e nada. No carrinho, somente aquelas uvas já apodrecidas. Eu não encontrava o que procurava.
Não desistiria. Não sem que algo diferente acontecesse.
Foi então que uma moça de traços conhecidos apareceu por ali. Ela gritava comigo, dizendo que me procurou por toda parte. Que eu não apareci para o jantar um dia, e nem nos próximos dias dos 65 anos. Ela disse que depois de 40 anos ficou preocupada. Algo poderia ter acontecido comigo. Eu nunca demorei tanto.
Eu pedi desculpas. Ela me apresentou meu filho. Meu filho me apresentou um neto. Eu entrei no carro e fui para casa. Do mercado, não levei nada. E morrerei sem saber o que fui buscar ali, mas que faz falta faz.
Conto de Martel Alex
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