Outro artigo que publiquei há algum tempo. Desta vez analisei um romance de Kafka.
O Castelo, a cujo título se associam quase imediatamente rei e rainha, pode ser comparado em sua estrutura e conformação a um jogo de xadrez: o romance com sua visualidade clara e escura constitui um tabuleiro
com seus espaços pretos e brancos, no qual K. se desloca, buscando chegar até o castelo e sendo impedido por diversas regras e prescrições. Nessa dinâmica todas as peças impedem as ‘inimigas’ de se aproximar de seu rei.
Ainda outros elementos do romance permitem associações com o xadrez: o roque do rei, já que a primeira visão do castelo no romance é a da torre; a palavra alemã “Bauer” que serve tanto para designar camponês quanto peão de xadrez e certa proximidade fônica e gráfica, em alemão, das palavras xadrez e castelo. Também podem ser verificadas estratégias de jogo no decorrer do romance. Enfim, estabelece-se um jogo literário, em que a ética, a visualidade e o espaço integram-se para a constituição de um sentido dinâmico
e indefinível, atualizado a cada nova partida disputada entre o leitor e a indecifrabilidade do texto kafkiano.
(publicado inicialmente na revista UFSC. Mas coloco o link dela aqui: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/fragmentos/article/view/7114/6588)
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