novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

quinta-feira, 20 de junho de 2013

REAL - BRASIL inconformado - um ponto de vista

Tenho estado em alternância de sentimentos contraditórios ultimamente. FELIZ porque percebo que a visão que eu tinha da maioria dos jovens (geração coca-cola e facebook) estava errada. Eles estão saindo às ruas. Antes eu via poucos alunos nas passeatas. Hoje vejo muitos deles.
(início da concentração do dia 17 de junho - Curitiba - foto: Susan Blum) 
Mas ao mesmo tempo triste e receosa com certas "convicções" que são passadas e repetidas sem um mínimo pensamento sério e reflexivo.
Um exemplo são de dois blogs que cito para que se tenha imparcialidade (afinal, o que desejo é que as pessoas leiam não somente meu ponto de vista, mas sim os outros e que consigam - minha esperança - ter SEU próprio ponto de vista!).
http://incandescencia.org/2013/06/18/isso-e-sim-sobre-20-centavos-conservadorismo-nos-movimentos-sociais/
http://papodehomem.com.br/corrupcao/
Algumas questões que considero relevantes:
Não concordo que ser do "movimento anti-corrupção" seja inválido porque não há movimento pró-corrupção. Ora, é uma coisa óbvia que não haverá um movimento pró-corrupção. Mas isto não significa que ela não exista! Ao contrário. E TODOS sabemos disso!
Idem para movimentos pró-vida, ou educação, ou saúde. CLARO que NÃO há movimentos contra a vida, contra a saúde. Mas há pessoas que vão contra isso, sim.
PENSEM!!!
Qual o objetivo de pessoas que escrevem desta forma, que NÃO querem que outras bandeiras sejam levantadas ?
Falam que estes que levantam estas bandeiras são reacionários. Calma lá. PENSEM! Acham que é algum partido político por trás. PENSEM!
POR FAVOR!
CLARO que temos que ter exigências pontuais. Ótimo! Conseguiram que os preços das passagens fossem diminuídos. Agora ficamos em casa quietos, sem mais passeatas porque ganhamos os "centavos"? 
Por favor, gente. Sejam reflexivos!
Não deslegitimizem os grupos que têm propostas diferentes das suas. Se querem salvar as baleias e os elefantes... que o façam!
Se você é a favor de uma saúde e educação com qualidade, faça sua bandeira.
Se você é a favor do aborto, faça a sua bandeira. Se você é contra o aborto, faça a sua bandeira. 
Mas vamos DIALOGAR! E não virarmos inimigos.
É justamente a desunião que eles querem provocar. Como eu disse: CLARO que devemos ter pautas objetivas e concretas. Mas não podemos deixar de lutar pelo resto.
Se você é pela educação (e aqui pergunto ao grupo radical: alguém aí é contra a educação?)  lute por ela. Principalmente porque li cartazes com MUITOS erros nos protestos. Um deles, aqui em Curitiba (só como exemplo): "Descupe o inconveniente, estamos construindo um Brasil melhor". O quê?? DESCUPE?? Deveriam ao menos deixar as pessoas que sabem escrever fazer os cartazes.
Mas, voltando ao ponto: LUTE pelo que acredita! Mas com argumentos!
Legal ser "politizado", querer que todos tenham lido Marx, Abrams, Smith, Somers, Hechter, Deflen, Lemmert, Steinmetz, Weber,  Hall, Pomeranz, Bendix, Tilly, Calhoun, Moore, Huntington, Blum, Putnam, Kohli, etc etc etc
Mas ao mesmo tempo é um ser que fala e se manifesta por palavrões, com violência, e ainda incitando os outros a isso.
Politizado?? Incitando à violência? à depredação? 
AMIGO, quem é que paga os impostos??
ACORDA, meu!
Outra questão, voltando aos que dizem que ser contra algo que não existe os pró é besteira:
- sou contra quem bebe e dirige, quem mata por dirigir alcoolizado. Há alguém aqui que acha que todos devemos beber e dirigir?? Por favor, se manifeste!
Mas há pessoas que bebem e dirigem? UM MONTE! 
Até a hora que fazem besteira no trânsito e matam inocentes. Né? ou até a hora que alguém de SUA família morre por causa de inconsequentes desses. 
A falta de EMPATIA ainda é o pior defeito do ser humano.
Colocar-se no lugar do outro!
Bom, como eu disse, esta é a MINHA opinião e gostaria muito que pessoas "civilizadas" postassem opiniões contrárias, COM argumentos.
Adoraria CONVERSAR sobre estas questões.
Mas sem palavras de baixo calão (estes comentários serão imediatamente retirados). COM argumentos.
Quero mudanças, SIM.
Quero manifestações, SIM.
Mas SEM violências!

Não quero que tudo pare por causa de centavos ganhos nas passagens! Não foi por 20 centavos e não será pelo não gasto deles que ficarei quieta! Nem que continue sozinha. Mas quero o não à PEC! Quero os corruptos presos. Quero o dinheiro devolvido aos cofres públicos. Quero que os políticos percam suas regalias!
CINCO CAUSAS- ANONYMUS -
Não quero voltar a participar de passeatas com algumas dezenas ou centenas! Quero milhares nas ruas, sempre!
Para fechar, uma frase de Voltaire:
Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.

NÃO deslegitimizem os grupos que têm propostas diferentes das suas.
(pensem nisso, pelo menos).

20 comentários:

  1. E quanto à violência como forma de atrair a atenção para as reais causas? Passeatas pacíficas não repercutem. Vide todos os protestos mundo afora. Claro que a mudança real se dá dentro de uma esfera política, mas só acontece graças a uma grande pressão externa. Que não existiria sem a violência. Afinal, se Alckmin e Haddad tivessem baixado a tarifa no primeiro protesto ao inves de mandarem a policia, hoje o brasil ainda estaria "dormindo". Acredito que todos devam ter a sua voz, inclusive aqueles que pregam a anarquia e a depredação. Inclusive os coxinhas reacionários que não sabem direito pelo que estão protestando. Inclusive todos que já protestavam antes do país "acordar". Inclusive aqueles nas favelas, nas periferias, que sofrem a real violência diariamente. Todos devem ter voz. Todos querem mudanças. A mudança de verdade vem com os partidos e o debate justo, com soluções que sirvam ao povo, mas isso só vem de uma pressão popular, que não existiria ou pelo menos não ganharia uma voz tão grande, se não houvesse violência e depredação.

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    1. Adoraria que não fosse anônimo o comentário. Não uso máscaras lá fora, nas passeatas e gostaria de um debate aberto e franco aqui... mas vamos lá... vc acha que chamamos a atenção por causa da violência? vc acha que não foram os milhares que saíram às ruas? então vc está subestimando a força que temos. Chamamos a atenção sim, mas não por causa da violência. E sim pela união e insatisfação. Garanto que sem quebra-quebra conseguimos muito mais. Só para saber: vc trabalha e paga impostos?

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    2. Ah... sei que vai parecer clichê: mas vc deve conhecer História. Que tal ver o que Gandhi conseguiu com a não violência?

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    3. Eu prefiro não me identificar, pois sou seu aluno e não quero problemas na faculdade, visto que vou bater de frente com você a seguir.

      Acredito que a violência e o vandalismo sejam parte crucial em todo protesto, não que de fato seja o fator de mudança, mas é o que impacta, é o que a mídia mostra. É o que o mundo lá fora vê. Veja todos os protestos que vêm ocorrendo ao redor do mundo, o que vemos é conflito. Turquia, Líbia, Chile, Egito.... É o choque que a violência causa que "acorda" o povo. Eu não sou adepto da violência como solução, mas como ferramenta. Se você não consegue enxergar que a violência também teu seu papel, e muito forte, em qualquer protesto, acho que você deveria pensar um pouco mais a respeito. Acredito que você, como acadêmica, conheça muito um pouco de história. Me diga, os grandes protestos que mudaram o mundo, foram pacíficos? Queda da bastilha? Revolução Francesa? Derrubada do Muro de Berlim? Diretas já? Toda e qualquer mudança política acontece através de debates entre os partidos, que deveriam defender os interesses do povo. Mas os partidos e os políticos só acordam para as demandas do povo quando a revolta é grande e extrapolam os limites de pedidos pacíficos e passeatas com flores e narizes de palhaço. Ir pra rua em paz pode ser bem bonito, mas efetivamente, não muda nada. Eu consigo ver governantes oferecendo espaços como sambódromos (que não atrapalham o trânsito) e pedindo RG para próximos protestos. É tudo o que eles querem, um rebanho. Sem a violência, ninguém abre os olhos. Ou você acha que você estaria falando sobre não-corrupção ou sobre política caso os policiais não tivessem reprimido os primeiros manifestantes e as redes sociais terem espalhado isso? A política muda as leis, em nome do povo. O povo só abre os olhos com violência. Nenhuma mudança radical acontece sem radicalismo. Você acha que o povo foi as ruas? A classe média foi as ruas. O real povo, que mora longe dos centros e é explorado diariamente, que sofre diariamente, que apanha diariamente, está bravo. Muito bravo. Eles estão nas ruas faz tempo. Mas agora é o momento de eles realmente mostrarem a indignação. Pra eles não é politicagem que resolve, afinal, nunca resolveu. Eles esperam por mudança faz tempo, eles esperam por melhores condições de existência que nunca vêm. Eles esperam por dignidade. E agora a classe-média-alta compra a briga e de repente tudo precisa mudar da noite pro dia? Fala isso pra eles, diga pra quem é realmente oprimido a não agir com violência. Pois é, não dá. A violência é uma ferramenta útil sim e sem ela não haveria nenhuma revolução. Ou você acha que as mulheres estariam onde estão se nunca tivessem queimado seus sutiãs em praça pública? Quem prega discurso de pacifismo se esquece do passado e desconhece o poder que um ato violento é capaz de ter. Me desculpe, Professora Susan, mas eu acho seu discurso muito fraco e sem embasamento.

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    4. Seguem alguns artigos:

      http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2013/06/19/vandalos-sao-eles/

      http://incandescencia.org/2013/06/09/vandalismo-por-direito/

      http://incandescencia.org/2013/06/13/vandalizar-o-conservadorismo/

      Acredito em táticas de ação direta como forma de atrair a atenção para as pessoas que fazem a real mudança. E para chacoalhar as pessoas de sua letargia incômoda. Acredito que sem quebra-quebra não conseguimos nada, que só com quebra-quebra não se consegue nada, mas pela união de ambas as partes sim. Se você nega o "quebra-quebra" como ferramenta e fator de transformação, você não sabe do que está falando.

      E respondendo sua pergunta, sim, eu trabalho e pago impostos. E eu já sei que argumento você vai usar. Meus impostos vão ser usados para pagar a depredação e etc e tal. Que seja, que usem. Contanto que enquanto eles paguem o conserto da depredação, eles estejam de olhos abertos para novas mudanças políticas capazes de evitar as próximas.

      Só para finalizar, é fácil falar de não-violência quando sua vida privilegiada é pacífica. Vai falar isso para o povo realmente oprimido que sofre violência diária. Pense além. Seus pensamentos abertos podem ir além de poemas eróticos ou levar pênis de pelúcia para a sala de aula. Tenha uma visão mais ampla nas questões político-sociais também. Tenha uma conversa com o professor Marcos Araújo, vamos ver se ele vai te dizer que quebra-quebra nunca resolveu nada.

      Abraço.

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    5. Conheço muito bem a história e não nego a importância de pacifistas como Gandhi, Mandela, Luther King, Madre Teresa e Rigoberta, por exemplo. Mas você também não pode negar a importância que a violência teve nos maiores protestos da existência humana, por gentileza. O muro de Berlim não foi derrubada com abraços.

      "A insurgência violenta é um fato da história. Por mais que você argumente que está errada, ela é justamente isto: um desacato. Ela não está interessada nas suas considerações éticas sobre a propriedade privada. Enquanto houver opressão, haverá , eventualmente, reação violenta a ela da parte de quem está sofrendo a opressão. Uma vez empoderadas, organizadas, e conscientes, as massas decidem tudo."

      E não me subestime, citando Gandhi e achando que assim vai me convencer de algo. Preciso de argumentos sólidos contra tudo isso que eu disse acima.

      O povo não foi às ruas, quem foi às ruas foi a classe média. Quando o povo de verdade for pras ruas mostrar sua indignação, haverá violência sim, e a classe média sairá das ruas de tanto medo.

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    6. VOU RESPONDER EM DUAS PARTES PORQUE NÃO CABE.
      Primeiro: Uma pena que vc fale de revolução mas tenha medo de mostrar quem é.
      Diz que por ser meu aluno e (segundo suas palavras) bater de frente comigo, prefere não se identificar. Se me conhece realmente sabe que NUNCA persegui alunos. Que sempre busco o diálogo. Que ESCUTO o ponto de vista do outro, desde que com base de argumentação e não movido à raiva! Mas, respeito seu posicionamento apesar de não concordar com anonimatos! Vamos lá... vc citou muitas coisas e terei que colocar em várias respostas.
      Vamos por partes para não nos perdermos em cinismos ou acusações infundadas.
      Primeiro:
      se vc realmente é - ou foi - meu aluno sabe o quanto falo em sala de pontos de vista, de procurar mudar as coisas, de não se acreditar sem refletir, de MUDAR as coisas. Vide dinâmica que sempre faço como tentativa de acordar para a tirania, o documentário Olhos Azuis que passo, o poema VERDADE de Drummond,os poemas de Manuel Bandeira e Marcio Barbosa (inclusive um fala de submissão e outro de violência) e daí mostro o meu poema como tentativa de terceira via (a que acredito: equilíbrio COM estudo e argumentos), entre tantas outras atividades que procuro passar para chocar, fazer refletir e pensar nas 180 horas de aula que dou. Uma pena que dessas 180 horas vc tenha ficado tão fissurado nos vinte minutos de uso do "pênis de pelúcia" como uso de DESCRIÇÃO (se algum dia vc for professor saberá que temos que pegar todos os alunos da sala e a brincadeira é um ponto positivo). Mas isso é tema para outra loonga conversa. Sobre poema erótico eu adoraria que vc me dissesse qual usei, pois não consegui me lembrar de nenhum, apesar de achar que poemas, pinturas, músicas, enfim, ARTE em geral deve trazer este tema tão importante: EROS (amor).
      Segundo: o professor Marcos Araujo deve ter falado em REVOLUÇÃO. SIM! Revolução é ARMADA! O que estamos passando neste momento (como foi na época dos caras pintadas - eu fui uma) foi MANIFESTAÇÃO. E tiramos o Collor com nenhum vandalismo, nenhuma violência! Outros corruptos entraram no lugar? sim. Ele está de volta no "poder"? sim.. o que faltou? EDUCAÇÃO! Para o povo votar com consciência e não pelo maldito marketing.
      A última REVOLUÇÃO (me corrija se eu estiver errada) foi nos anos 60, e a "companheira" Dilma participou, junto com vários outros guerrilheiros. Se vc quer uma revolução, então tente formar um grupo revolucionário. NÃO É O QUE ACREDITO! Acredito na revolução interior! Uma guerra, uma morte interior de nossos defeitos, desejos e sentimentos de matar, roubar, mentir, usar as pessoas.
      Outra coisa: revolução armada NÃO é vandalismo! Vandalismo é promover sim quebra-quebra que não leva a nada. Apenas ao repúdio do movimento em si.
      Eu não acredito em violência nem como solução, nem como ferramenta (a não ser em dinâmica logo esclarecida, sem bater em ninguém, sem quebrar nada).
      Conheço muito pouco da história? pode ser. Tenho só 50 anos de idade. (desculpe o cinismo, mas já que vc se permitiu a ele, vou me permitir também).
      Desde a Idade da Pedra a violência e as guerras existem. Se vc acha que elas resolvem as coisas, respeito seu ponto de vista. Realmente não acredito nisso. Mudanças aconteceram com elas? CLARO! ÓBVIO! Mas será que não poderiam ter existido mudanças sem elas??

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    7. Segundo: Os protestos dos quais participei nestes últimos dois anos aqui em Curitiba NÃO foram em "sambódromos". Paramos as ruas SIM. Vc estava lá? Viu o rebanho?
      Agora, pelo jeito que vc fala, a única coisa de todo meu texto que vc não concorda é sobre o uso da violência.
      Apenas repense sobre o que disse: "Nenhuma mudança radical acontece sem radicalismo." leia e releia. Percebe?
      Outro ponto que vc levanta: o povo explorado. Espero, de coração, quevc tenha vivido algum tempo de sua vida em uma favela, que tenha conversado por meses (todos os dias) com essas pessoas que vc diz que são exploradas. Porque (e se vc foi meu aluno e não faltou aulas sabe disso), trabalhei durante ANOS em uma ONG. Trabalhei em hospitais. Trabalhei com alcóolatras. Sei como meus alunos da ONG eram surrados, menosprezados, humilhados, as meninas eram bolinadas pelos filhos da P.. dos policiais (nem todos são assim, mas muitos são). Tive que cuidar e conversar com meninas da periferia (algumas da favela ali próxima da U.P) que eram abusadas sexualmente pelos tios, pais, padrastos..
      Sei o que é esta raiva. EU senti esta raiva. Mas fui fazer tae-kwon-do, arte, qualquer coisa, para não pegar uma arma e matar estes *****
      TODOS ESPERAMOS POR MUDANÇAS FAZ TEMPO. Por que acha que colocamos o PT no poder? Há erros? SIM> Justifica um impeachment? NÃO (converse com Marcos Araujo, ele vai dizer o mesmo que eu: acreditem: colocar o Temer no governo é BEEMM pior que deixar a Dilma.
      Dignidade, condições, etc... sim!! Com educação. Com saúde. Sem corrupção que leva o dinheiro que poderia nos colocar como país de primeiro mundo se utilizado APENAS para a sociedade.
      Você pede que eu fale para a classe oprimida que não usem de violência. Garanto a vc.. Já falei e falei diversas vezes. Tirei alunos do mundo das drogas, tirei alunos da possibilidade de virarem ladrões.
      Queimar sutiãs foi apenas um ato simbólico e se vc acha isto um ato de violência, hhuumm então acho que não sabe o que é violência.
      Meu discurso é fraco e sem embasamento? Será? Acredita que o seu é forte e com embasamento usando de cinismo e sem me conhecer?
      Julgando sem saber?
      Não deveria falar de vida íntima aqui, porque acho que todos sabem pelo que passam. Mas - só para vc ter um mínimo de conhecimento: fiz parte de vários centros acadêmicos (tanto na PUC quanto na UFPR), fiz parte do DCE. Fui cara pintada. Na época da PUC, invadimos a Reitoria e por lá permanecemos por semanas (porque eramos contra a semestralidade). Fiquei frente a frente com soldados de cavalaria que tentaram nos tirar do campus.
      Minha vida é privilegiada e pacífica?
      Será a primeira e última vez que falarei sobre isso. Minha infância teve violência sim e não foi NADA fácil. Meu pai tentou matar minha mãe. Trabalho desde os 17 anos de idade. Meu pai ficou paralítico quando eu tinha 13 anos. Por favor. NÃO JULGUE ANTES DE SABER DAS COISAS. Nem minha mãe sabe de tudo que já passei na vida. E nem vou me expor aqui sobre o resto. Apenas faça uso de UM POUCO do que ensino em sala: não faça julgamentos sem saber da vida do outro. Cresça. O dia que quiser me procurar para conversar, fique à vontade. Terei prazer em receber vc em minha sala. No mais, como pelo jeito não é calouro, NÃO tenha medo. A partir de julho NÃO serei mais sua professora. Então pode falar sem medo! Porque eu aprendi a falar sem medo. Eu me exponho. Eu digo o que penso. E espero que vc consiga (com uma revolução interior - que é o que eu fiz na Gnose) perder seu medo e viver de forma decente, com transparência. Sem covardia. Sem cinismos!

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    8. Terceiro: outros pontos que esqueci:
      Em NENHUM momento eu disse que não foi importante o uso de violência. Por isso falo da Guerra dos Palmares.
      Então, por favor, não me chame de ignorante.
      Outro ponto: se o objetivo era chamar a atenção, conseguiram, então agora DIALOGUEM! Façam algo.
      Outro ponto: Apenas quero reforçar que vandalismo NÃO é revolução.
      Por fim: a U.P. fará uma mesa redonda com professores para discutir com os alunos sobre as MANIFESTAÇÕES. Um dos oradores será o professor Marcos Araújo. Espero, de coração, que você esteja por lá!

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    9. Retórica muito bem aceita. Fico feliz que meu desacato tenha gerado argumentos melhores. Obrigado pela discussão. Nos vemos nas aulas.

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  2. Então vamos lá ... primeiro parabéns! Estava aguardando a sua opinião há dias, porque ela é importante pra mim. E não poderia ficar mais feliz com o que você escreveu ... Concordo de coração. E fico triste quando vejo uma pesquisa, no caso hoje, postada por um destes grupos de manifesto no facebook, onde, entre as respostas para "Sobre o que você acha que temos que revindicar no protesto?", o item como o nome EDUCAÇÃO aparecia, acredite você, em último lugar.
    Poxa gente, como assim?
    Fico super feliz com estudante indo pra rua, mas educação tem que estar forte em pauta. Nas diversas Universidade Federais que possuem "fanpage" no facebook, a notícia divulgada é horrível ... e porque todo mundo tem rabo preso ... e os alunos não dizem nada! Se o ensino é ruim, é porque não tem crédito nenhum com a atual situação do país.
    Não escrevo apenas como professora indignada, mas como cidadã, disposta a ajudar se quiserem ajuda. Mas tem que querer.
    E o resto vem junto.
    Saúde.
    Moradia.
    Segurança.
    Enfim ... acredito que esta seja a mentalidade.
    Antes de protestar, por favor, meu amigo, informe-se. Protesto não é festa.
    Protesto é esta coisa linda que está acontecendo.
    As pessoas voltando às ruas ...
    A união ...
    Este sentimento bom de esperança ...
    Posso até estar sendo poética demais, mas eu vejo assim. Danem-se os partidos. É o povo. Unido. Em prol de serem melhores. Pessoas melhores. Que querem um país melhor. Pra desenvolverem-se.
    E é isso.
    Obrigada Susan por este espaço.
    Você, na minha opinião, é uma ótima cidadã brasileira.

    OBS: Sou uma pessoa super razoável. Se não concordam com algo que eu escrevi, adoraria ler. Acredito na melhoria contínua ... rs. Mas seja convincente, por favor.

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    1. Pois é, uma das coisas que admiro é mostrar a cara! Obrigada. EDUCAÇÃO, na minha opinião, é a BASE de tudo. Povo educado consegue argumentar, consegue ter discernimento pra votar, consegue exigir com educação e não com violência ou palavrão.
      Consegue saúde, transporte, etc. Porque sabe COMO agir.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Antes de melhorar o capital da educação, acredito que devemos reformular a forma de educar. De nada adianta o governo colocar bilhões de reais em educação se as escolas, colégios e faculdades não estão preparadas, não se atualizaram em seus sistemas de ensino, continuam usando o velho modelo que funcionava há, talvez uns 50 a 60 anos, a comunicação é um organismo vivo, assim como disse Durkheim sobre a sociedade, e, considerando que comunicação é "tudo", está inserida na educação.
    Com o passar dos anos, a comunicação mudou e o modelo de ensino continuou o mesmo, poucos mudaram.
    Obviamente isso não desmerece a causa da busca por mais investimento em educação.

    Acredito que duas pautas sejam as centrais para melhorias no país, a primeira como já citaram aqui educação, que engloba P&D também, a segunda é uma mudança dos meios e não dos fins (leia-se impeachment presidencial como fim), o problema não tá na presidência, o problema está no meio.

    Just my 2cents.

    *erro de digitação no anterior.

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    1. José.. O problema é MUITO no meio... no meio de TODOS nós. Quando aceitamos troco errado e criticamos licitações vendidas. Quando mentimos para amigos e queremos que os políticos nos digam a verdade. Adoro uma frase de Machado de Assis: "a ocasião não faz o ladrão. O ladrão já está feito. A ocasião apenas o revela."
      E vc pega no ponto chave: MUDAR a educação!!
      Por isso sigo o blog de Adonai Sant'Anna: http://adonaisantanna.blogspot.com.br/

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    2. Oi José,
      Concordo plenamente.
      Não é só investir em educação.
      Precisamos de uma reforma educacional, isto sim.
      Porque tem muito professor que não merece o título ...
      Como em qualquer profissão, não é mesmo?
      E concordo que a solução não é o impeachment.
      É mudança de mentalidade.
      Precisamos cobrar. Seja quem for.
      Precisamos estar atentos.
      Precisamos saber do que estamos falando ...
      E isso nos leva de volta à educação.

      (é isso que dá quando a opinião vem de uma professora.rs)

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  4. Sobre a violência ...

    Entendo que "revolução" não acontece sem violência.
    Se eu estiver protestando e alguém abusar, de alguma forma, de algum conhecido, talvez eu fizesse alguma coisa, estando de cabeça quente. Sei lá.
    Mas sou contra.
    O que difere o homem dos animais é a capacidade de raciocinar.
    É como o homem ou a mulher que alegam que "a carne é fraca" ... e eu pergunto: O cérebro também?

    Mas quando saímos de casa para manifestar nosso descontentamento, este manifesto não precisa ser violento. Não vejo necessidade em queimar veículos, depredar lojas, casas, patrimônios ... Qual é o objetivo?
    Uma coisa é se proteger da violência.
    Outra é incitar a mesma.

    Mas todos temos referências diferentes ... e isso nos leva a pensamentos diferentes. Minhas referências sempre foram pacíficas, como Gandhi e Mandela. Eles, mais do que ninguém, foram oprimidos e sofreram com a violência diária. Mas é uma opção que se faz: não revidar.
    Acho que requer mais coragem do que simplesmente dar na cara do outro.
    De verdade.
    Mas entendo outros pontos de vista.
    Acho que a revolução é feita por todos.
    Por violentos e não violentos ...

    Só não sejamos violentos uns contra os outros.
    Estamos todos do mesmo lado, não?

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    1. Adriana. Concordo totalmente. odeio a citação de que a carne é fraca! Adorei sua colocação sobre o cérebro... pelo jeito ele é fraco também. hehe E termino repetindo vc: "Só não sejamos violentos uns contra os outros. Estamos todos do mesmo lado, não?". SIM! Estamos! E vou continuar lutando por uma educação e saúde dignas! REFORMA NA POLÍTICA, REFORMA NA EDUCAÇÃO, REFORMA TRIBUTÁRIA, REFORMA JUDICIÁRIA, REFORMA NA SAÚDE!!!

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  5. Concordo com o texto profe! A impressão que tenho é de que tão colocando povo contra povo. Uma amiga ontem me disse que foi pra rua e viu uma confusão de jovens que apoiam a esquerda, com apoiadores de direita e apartidários, o que era pra ser um movimento em benefício do Brasil virou uma guerra política. A análise que eu faço dessas manifestações é o princípio básico que o Walter Benjamin diz sobre reprodutibilidade técnica, ao passo que a mídia começou a reproduzir informações em prol da manifestação para que ela fosse massificada, ela acabou sendo aderida por muita gente e virou uma espécie de simulacro dos movimentos sociais, o sentido da causa está perdendo a "aura".

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    1. Parabéns pela visão lúcida (pelo menos eu acho lúcida). Mas, como eu disse: posso não concordar com suas ideias, mas vou lutar pelo seu direito de expor.

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