Era uma vez (ou duas, ou três) uma moça cuja beleza rivalizava com a riqueza. Ela tinha os dois em fartura. Mas vivia entediada, pois eram inúmeros os rapazes belos e ricos que a cortejavam. Ela tinha seus caprichos e um deles era a busca do amor verdadeiro. E isso significava - pelo menos para ela - que deveria amar alguém feio e pobre.
Porém, os rapazes feios e pobres não acreditavam no interesse real dela. E ela se entristecia.
O único lugar em que ela se refugiava e se sentia bem era na beira do lago, no Barigui. Tentando encontrar o jacaré, animal que - para ela - era feliz.
Todos os dias em que a moça ia até lá, encontrava um sapo que parecia a olhar com desejos. Seus olhos pidões, aguados, rumorejavam – era o que ela sentia – solicitações amorosas.
Com o tempo ela foi se apaixonando por aquela cor de pele tão diferente, aqueles caroços viscosos, aquelas membranas finas entre os dedos. Ia comparando com sua pele alva (tão comum), seus dedos finos e longos (que lhe pareciam agora como espinhos secos), com sua pele tão lisa e macia (argh). Em um gesto de rompante, ela agarrou o sapo e o levou para sua casa.
Mal entrou no lar, o sapo se pôs a falar:
- Agradeço, bela dama. Sou na verdade um belo herdeiro, de família tradicional curitibana. Um dia uma moça que foi por mim rejeitada conseguiu que uma mulher das artes mágicas me transformasse em sapo. Para dificultar a reversão da magia, ela lançou um feitiço de que eu não poderia falar com ninguém, a não ser que me recolhessem com carinho a algum lar. E agora posso falar e pedir que você me dê um beijo. Só assim posso retomar minha antiga forma: de um belo humano.
A moça o olhou com carinho. Mas ficou pensando. De novo cairia no mesmo problema: teria ao lado um rapaz rico e belo, com outras moças a desejá-lo. Decidiu: ficaria com ele para o resto da vida. Porém, sem nunca beijá-lo!
E assim foi. Até hoje a lua e o sol os encontram abraçados na cama... Moça e sapo, felizes para sempre!!
(Texto: Susan Blum. Imagens: retiradas da internet).
Susan Blum, gostei deveras. É a contraposição do esperado, do conhecido.
ResponderExcluirIsmar
Obrigada, Ismar... foi a minha intenção.
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