Sempre acreditei que de alguma forma os livros poderiam "salvar" uma pessoa, mas não conseguia fazer a devida relação. Mesmo quando assisti à deliciosa palestra da literaturaterapia. Também escrevi sobre este tema na crônica Vai um comprimido de Felicidade Clandestina ?
Eu brincava, na época da faculdade de Letras, que um dia descobririam a cura do câncer por algum livro clássico. Mas claro que já achava (na época da faculdade) que a literatura tinha um potencial catártico, resolvendo (ou ajudando a) certos problemas psicológicos.
Bom, graças ao fato de ter derrubado meu celular em água e ter que ir levar para o técnico, entrei nas livrarias Curitiba e encontrei um livro que me ajudou a linkar certas ideias e conceitos que eu já meditava.
Então jogo aqui algumas ideias soltas que serão amarradas em breve em um artigo.
O livro se chama "Arte como terapia" e foi escrito por Alain Botton e John Armstrong.
Nele os autores colocam a arte como um instrumento e que são sete as funções da arte:
1. rememoração
2. esperança
3. sofrimento
4. reequilíbrio
5. compreensão de si
6. crescimento
7. apreciação
Também mostram que a arte pode nos trazer
a. Leitura técnica
b. Leitura política
c. Leitura histórica
d. Leitura do caráter contestador
e. Leitura terapêutica
Não vou me ater a nenhum dos temas, mas preciso fazer pequenas pinceladas junto com as minhas ideias e análises de algumas obras.
Vejamos: quando os autores comentam sobre a Esperança, eles dizem que a categoria de arte que mais goza de popularidade é a alegre, agradável e graciosa. Eles acreditam que a maior parte do tempo sofremos de excesso de melancolia. Que temos grande consciência dos problemas e das injustiças do mundo, mas que nos sentimos fracos e pequenos diante deles.
Assim, estas pinturas nos trazem alegrias e esperança. Para eles, o otimismo é importante porque precisamos instilar ele nas tarefas.
Eles acreditam que se o mundo fosse um lugar melhor, talvez nos sentíssemos menos comovidos e tivéssemos menos necessidade de obras graciosas.
Agora abro um parênteses em relação à psicologia e à pintura. Na época do meu mestrado eu tive aulas maravilhosas com o professor Paulo Soethe. Nelas ele mostrava uma obra de Caspar David Friedrich.
Nela, vemos um homem de costas para o espectador. Admirando (junto com a gente) a bela paisagem que se descortina montanha abaixo. Este espaço imenso, com possibilidades é um contraponto às situações pelas quais passamos e que estão intimamente relacionadas ao espaço: depressão, angústia, ansiedade.
Já escrevi sobre isso em minha dissertação Abrindo as portas... mas retomo aqui a etimologia destas expressões.
Ansiedade - (latim) anxia ideia de aperto, aflição
Angústia - (latim) angere apertar, estreitar, redução de espaço
Solidão - (latim) solus, solitas – atis isolado, desacompanhado
Depressão - é um termo que vem do latim de (baixar) e premere (pressionar), isto é, deprimere, que literalmente significa "pressão baixa".
Assim, o espaço está intimamente relacionado a estes fatores psicológicos. Neste sentido considero que as obras de arte, que trazem um espaço natural amplo, permitem que o espectador "respire", que tenha espaço para sentir a Natureza de forma não sufocante.
Assim, a arte é realmente uma terapia. E creio que poderia ser feito um estudo sério com dados empíricos. Mostrando obras de arte para um número de pessoas e verificando os dados de interesse delas em tal ou qual obra. Terapeutas poderiam analisar o interesse por obras mais amplas, ou organizadas, ou fechadas, ou "loucas", etc... promovendo um estudo mais acadêmico sobre este assunto.
Pretendo me aprofundar neste tema no futuro, pois sempre vi a literatura e a arte como facilitadores de "cura".
Afinal, a arte (seja literatura, pintura ou fotografia), nos permite voar!
(Texto "jogado" e fotos: Susan Blum. Pintura: Caspar)
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