novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

quarta-feira, 2 de abril de 2014

FICÇÃO - Bala perdida - (de Moacir Costa)


Uni, duni, tê.
Salamê, minguê; um sorvete colorê.
O escolhido foi... Você!


AR-15, brincadeira, dedo, gatilho, boca de cano; tiro...

    O projétil passou zunindo pela fronte dele, vindo da janela estilhaçada. Passou pelas folhas do vaso de samambaia e pelo meio certinho, do peito de sua companheira.
    Só houve tempo de ele virar-se assustado, e vê-la arfar, fazer cara de louca e cair de bruços, no chão; manchando de sangue o carpete novo, ainda por pagar.
    Ele olhava para a janela quebrada e voltava a olhar pra ela caída, como que querendo entender alguma coisa, como que procurando fazer desesperadamente o tempo voltar atrás.
    Nem correu em direção a ela, já não havia o porquê, a bala tinha aberto um buraco enorme em suas costas, antes de ir alojar-se quietinha na parede oposta, na moldura cinzenta do Renoir falso.
Segundos se passaram, ate que o mundo dele viesse ao chão, que fossem enfim, desencadeadas todas as cenas imagináveis para tal situação.
    Berros, corridas nervosas a lugar nenhum, pedidos de socorro, desespero.

Fim.

Enquanto isso, acima do cume dos cumes; no alto dos altos; deuses meninos brincavam de destino:

Uni, duni, tê.
Salamê, minguê; um sorvete colorê.
O escolhido foi... Você!
(Texto: Moacir - Magro - Costa. Pinturas: Renoir.)

2 comentários:

  1. Me avisaram desse teu post e tive que vir conferir...
    Uma honra imensa ver algo meu em meio a esse universo de bons textos, destoo até aqui.
    Mesmo assim minha querida amiga, MUITO obrigado pela lembrança e consideração.
    Um abração.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Magro, foi difícil escolher UM texto. Mas aos poucos pretendo colocar mais alguns... aos poucos. Senão não tenho chance para os meus! Um abração.

      Excluir