Meia idade, meios contos de fadas, meia crença no amor.
Afinal, é adulta. E, como tal, sabe das “verdades” do mundo
dos relacionamentos: Interesses, sexo, carências.
Por um acaso o conhece. Acha interessante gostarem de
literatura e artes. Desenhos, pinturas, romances, poesias.
Leminski já disse:
“não discuto com o
destino.
o que pintar eu assino.”
Acabam saindo algumas vezes. Em uma delas, acabam se
beijando. Gosta dos beijos dele. Ele diz gostar dos beijos dela.
Mas em todas as relações de sua vida sempre teve algo bom. Nada
demais.
Uma noite, em um jantar na casa dele, acabam ficando juntos.
Ela estranha o fato de ter sido bom demais ficar com ele. Ele fala do cheiro
dela, da harmonia de desejos.
Mas é meia-noite. Ela, de meia idade, volta para casa com
seus meio contos de fadas. Sua meia crença no amor. Nada demais.
Começam a sair quase sempre. Todo dia trocam mensagens,
olhares, carinhos. Na terceira vez que ficam juntos, ao terminar o sexo
gostoso, ele a abraça em conchinha. Coisa que geralmente faz e que a deixa
encantada.
Neste dia, um morninho começa a se insinuar pelo plexo solar
dela, iluminando todos os poros de seu corpo, trazendo uma sensação nunca antes
sentida. No começo algo totalmente incompreendido. Ela fica apenas observando
(como é de seu costume, para ver o que virá). Até que inunda seu ser completamente
e ela percebe: é a certeza. Nunca antes totalmente sentida. Em todas as
relações sempre existiu a pontinha da dúvida, o resquício da incerteza.
Ela o abraça mais forte, puxando seus braços sobre ela,
encostando mais ainda seu corpo no dele, sente um beijinho na sua nuca (ele diz
que acha incrível como seus corpos se amoldam). E então ela chora. Chora porque
finalmente percebe que é real. Que é possível. Indubitavelmente!
Ficar com alguém sentindo toda a certeza plena. Que aquela
sensação iniciada no plexo tomou conta de cada poro de seu ser destruindo
qualquer ínfima dúvida, qualquer minúscula incerteza. Uma leveza e paz perfumam
seu ser. Ela sabe: É ELE!
E o choro que ela tenta esconder dele, pois não saberia
explicar e nem quer que ele tenha uma impressão errada, vem em fluxos de consciência.
Naquela noite, em sua casa, sozinha na cama, ela dorme como
um anjo. Porque agora ela sabe. Percebe que cada gosto parecido, cada carinho trocado,
cada beijo, abraço, etc tem um gosto mais que especial.
Meia idade, inteira certeza de que existe o amor. E que o
amor é doar. Se dar. Totalmente. Indubitavelmente.
Um dia algo inesperado acontece. Um pequeno mal-entendido.
Ele diz para ela que precisa de tempo e espaço. Ela cede, na certeza de que
tudo ficará bem. Afinal, pela primeira vez ela sabe. Indubitavelmente sabe: é
ele.
Porém não há o retorno. No começo ela não entende.
Mas tudo bem. Não estão juntos. Mas não há problema.
Porque este amor. Esta certeza. Esta sensação deliciosa de
plenitude...
Estão ali. Com ela. Indubitavelmente. Ela pode ter se
enganado com a certeza de que ficariam juntos. Mas ela não se enganou na
certeza do sentimento (pois ele não se apaga, não diminui, não morre): É ELE!
(Texto e fotos: Susan Blum)
Pou me parece com alguém do meu lado...Eis a questão e agora José?
ResponderExcluirSe parece com alguém ao seu lado em que sentido, José? Há alguém ao seu lado que te ama desse jeito? :D então se considere sortudo. haha ficção tentando trazer a crença no amor. Sempre dá certo. Obrigada por ler e comentar.
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