Aliás, que sei eu de
caridade?
Na verdade nada.
Percebi que o que vejo como “o mínimo a se fazer” é, para algumas pessoas,
caridade. Percebi que certas coisas que faço por me sentir bem fazendo, outras
pessoas veem como forma de se autopromover.
Para ser sincera,
prefiro fazer as coisas porque acredito nelas e não para ouvir o que os outros
têm a dizer sobre isso. Já aprendi que cada um pensa de acordo com o que tem no
coração. Tive um namorado que dizia que eu era muito ingênua, que não percebia
o quanto as pessoas me usavam. Sinceramente? Não percebia mesmo. E se me
usaram, azar (ou sorte) delas.
Quem me acompanha no
facebook vê que volta e meia divulgo as aulas para os haitianos (trabalho
voluntário que faço), ou sobre o projeto FESTA (visita a orfanatos, asilos,
lares, etc), ou sobre meus cursos gratuitos de contação de histórias (ou
formadores de mediadores). Nunca falaram
diretamente para mim, mas um aluno me disse que ouviu alguém comentando que era
autopromoção minha.
Meu pai sempre me
ensinou a fazer o bem, e a fazer de forma quieta (que a mão direita faça sem a
esquerda saber – era o que ele dizia – hoje penso nesta frase com outros
sentidos esotéricos). E, sinceramente, o que faço na vida particular é coisa
minha. Mas projetos ou cursos como estes eu divulgo sim. Primeiro porque quero
que mais pessoas conheçam e possam participar. Segundo porque hoje vejo isso
como divulgação necessária (as pessoas não sabem quanta coisa boa acontece no
mundo, como tem gente bacana que faz algo pelo próximo sem pensar em
recompensas financeiras ou outras). Precisam ver que o mundo não é só desgraça.
O estranho é que a
maioria das pessoas que critica são justamente os que nada fazem para melhorar
o mundo. Não dão sorrisos, só reclamam, só acham ruim das coisas que os outros
fazem. Em nada contribuem de forma direta e concreta.
Outra coisa que
aprendi dias atrás, em uma formatura de ex-alunos que me homenagearam: lá eu
sentei na mesa de um dos alunos com sua família. E minha mãe disse que muitos
familiares dele eram apresentados à ela como: “esta é a mãe da Susan. Ela fez
uma sopa que a Susan levou quando minha esposa teve um acidente na boca e não
podia fazer esforço e nem se alimentar de sólidos”. Uma simples sopa que minha
mãe fez e que eu levei até a casa de meu ex-aluno ficou marcado na vida deles.
Um gesto tão simples, tão inocente (algo que vi, na época, como uma necessidade
de ajudar. Apenas isso.).
Ou seja, certas
atitudes que temos ou tomamos muitas vezes ficam marcadas nas vidas das
pessoas. E isso é real. Tenho em meu coração muitas atitudes bonitas que
tiveram comigo. Um amigo que na época que eu tinha uma relação MUITO conturbada
com meu pai, me pegava de carro em casa e ficava passeando de carro e
conversando comigo. Meu irmão que ao saber que eu estava me separando, foi de
carro até Joinville me buscar, sem eu saber – apareceu de surpresa e me
“resgatou”. Um ex-namorado que era atencioso em demasia comigo, me dando muito
carinho e sorrisos. Minha irmã que sempre está do meu lado quando preciso. Meu
cunhado que já me escutou um monte, enquanto me dava carona para ir até a praia
nos fins de semana. Enfim... tenho dezenas ou centenas de pequenos gestos e
atitudes de pessoas para comigo. Guardo-os todos em meu coração e sei que o que
vou levar da vida é justamente isso. Os pequenos gestos. Os detalhes.
Outro exemplo que de
certa forma me “chocou” dias atrás. Achei um livro em minha biblioteca que
percebi que seria interessante uma amiga ter. Procurei para comprar, mas o
livro está esgotado. Procurei em sebos, mas não achei. Então comentei com ela
que iria xerocar e dar o livro para ela. Ao que ela me respondeu: “as pessoas
dizem que sou generosa, mas você é mais. Apenas me dê o xerox e já fico
satisfeita”. Generosa? Eu? Só porque ia dar o livro para ela? Como eu disse:
apenas percebi que ela faria um uso bem melhor que eu. Mas vou dar o xerox para
ela hehe viu só como não sou tão generosa assim?
Por que tudo isso?
Para que este texto? Simples. Cada dia é uma preciosidade na vida da gente.
Saia. Sorria, Dê bom dia! Deixe seu mau-humor em casa, embaixo da cama ou,
melhor ainda, jogue-o na privada e dê descarga. Porque ele só faz mal para
você, para seus parentes, seus amigos, para a sociedade. Olhe nos olhos das
pessoas. ESCUTE as pessoas. Observe a natureza ao seu redor. Ame. Independente
de retorno do amor. Apenas ame. Mesmo que de longe (muito distante) continue a
dar bom dia mentalmente para aquelas pessoas que você ama. Mesmo que não tenha
retorno direto, tenha certeza de que este amor vai atingi-las de alguma forma.
Dias atrás fui à minha
dentista e disse que estava naqueles dias em que a felicidade pulsava dentro de
mim. Que eu via o dia como belo e tudo maravilhoso. E ela me disse: “ah. Você
está no momento Poliana”. Não. É
diferente. Poliana é ser otimista, é ver o lado positivo das coisas. O que eu
estava sentindo (e tenho sentido cada vez mais – ainda bem) é apenas amor. Um
carinho grande pelas coisas, pelas pessoas, pelo sol, pássaros, pelo dia. Não
sei dizer como é isso. Mas é uma sensação MUITO boa que espero que se repita
muitas vezes. Não deixo de ver as coisas ruins que existem, como o taxista que
atropelou a senhora e ainda postou nas redes sociais fazendo piada do fato.
Apenas dou mais importância ao que sinto pelas pessoas e natureza... este
sentimento de desejo de que todos fiquem bem, de carinho por todos.
Se isso é caridade?
Não. Acho que não. Aliás, sou uma das pessoas mais egoístas que conheço, pois
ao fazer algo pelo outro me sinto muito bem. Não escute o que os outros falam.
Apenas faça o que sabe ser certo. Não por você, mas pelos outros. Viva e deixe
viver. Gosto muito desse ditado. Tão verdadeiro!
Para concluir sobre a
CARIDADE: nada do que eu disse que faço ou fiz, considero caridade. Quer saber
o que acho que é caridade? Então leia o romance “Neve sobre os cedros”, de David
Guterson. O que o rapaz faz é que é caridade, na minha opinião. Um amor
totalmente desinteressado. Espero chegar lá algum dia.
Para finalizar a
crônica do mês: Lembram que eu falei de detalhes? Então, geralmente passam
despercebidos, pois estamos na correria do dia-a-dia, sempre com tempo atrasado
e com tarefas cada vez maiores para realizar. Pare um pouco. Estique as pernas
e os braços. Respire fundo. E coloque este som para ouvir com tranquilidade.
Foi na correria do dia-a-dia que ele me chegou dias atrás (através de uma
postagem de uma pessoa incrível: Larissa, da practice). E o encanto que senti
perdura até hoje, e se fortalece toda vez que escuto de novo. Pois parece um
coral de fadas que foi condensado em um simples inseto. Um inseto que sempre me
fascinou (principalmente pelas histórias que eu ouvia de que ele era engaiolado
e usado como de estimação no Oriente). Hoje me pergunto se eles sabiam da
generosidade dele ao cantar para nós. Um grilo. Um detalhe quase insignificante
diante da Natureza imensa ao nosso redor. E ele é capaz disso. Do que seremos
capazes então?
Quem quiser saber mais dos projetos que coordeno ou participo, aqui vai:
Projeto FESTA - https://www.facebook.com/projetoafesta?fref=ts
visitas a lares e asilos, para levar alegria e conforto.
Projeto Ler traz estrelas - formar mediadores de leitura - contação de histórias.
Ambos os projetos apoiados pelo Instituto Positivo.
Ajudo (ainda de forma incipiente) no projeto Rondon e também dou aulas voluntárias de português para estrangeiros no CELIN, para os haitianos.
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