novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

domingo, 5 de janeiro de 2014

REAL - Literatura terapia e leitura de clássicos

Hoje me deparei com uma notícia sobre a leitura de clássicos.
Lembrei-me que o professor Newton da Costa sempre me fala da importância da literatura na vida de cientistas. (Sobre Newton da Costa veja postagem Newton: Göedel, Escher e Bach)
Mas, retornemos ao que recebi hoje:
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/ler-autores-classicos-estimula-o-cerebro-e-pode-servir-como-autoajuda-diz-estudo
E me lembrei de um texto que escrevi, baseado em uma palestra que assisti em 2008.
http://alb.com.br/arquivo-morto/linha-mestra/revistas/revista_13/depoim_13.asp.html
E me deu vontade de retomar este projeto de vida: Trabalhar com literatura terapia.
Repasso abaixo o texto que escrevi:


A LITERATURA COMO TERAPIA
  Susan Blum Pessôa


No dia 19 de setembro de 2008, duas alemãs, Bettina Twrsnick e Angela Thamm, estiveram em Curitiba a convite do Instituto Goëthe para divulgar o método de trabalho da Biblioteca Fantástica de Wetzlar. Em um projeto existente desde 2001, que transformou a vida da cidadezinha de Wetzlar, a bibliotecária Bettina e a doutora Angela (psicologia e literatura) trabalham a leitura de forma a conseguir com que os leitores se transformem. Esta visita à Curitiba tem o intuito de divulgar este projeto e de procurar parcerias institucionais para a exploração dele em nosso contexto.

Angela Thamm define seu trabalho inspirada em um livro brasileiro: Crianças na escuridão, de Júlio Emílio Braz. A doutora diz que as crianças de hoje se encontram em uma escuridão, pois ficam a maior parte do tempo no computador ou na televisão. Sua palestra teve como objetivo mostrar que os problemas atuais de saúde e educação são baseados no fato das crianças terem perdido - ou nem terem aprendido - uma linguagem. O plano de fundo deste conhecimento encontra-se oculto em quatro idéias:

 Compreensão de Cenas
 Jogo da Linguagem (para dar vida aos sentidos – conceito de Ludwig Wittgenstein)
 Literaturaterapia (projeções da literatura fantástica infantil com foco no convívio social)
 Farmácia dos Livros Ilustrados (a literatura como “resolução” de problemáticas interiores desenvolvidas pelo mundo real). Uma caixa com alguns livros que as crianças e adolescentes podem escolher à vontade, e que trazem – de forma metafórica e não como “lição de vida ou de moral” – possibilidades de auto-conhecimento e de “nomear” sentimentos e pensamentos.

A palestra foi dividida em cinco partes, baseando-se em livros infanto-juvenis.

1. Crianças na Escuridão - Linguagem Perdida
2. Madassa – Trauma, Sonho e A Reinvenção da Linguagem
3. Fiete Diferente – Os Novos e Velhos Segredos dos Neurônios-Espelho
4. Olga e Os Amigos Ursos – A Linguagem Viva com Livros Ilustrados
5. O Encantamento através da Linguagem – O Projeto dos Livros Infantis ao Redor do Mundo

Estes livros são alguns que estão na caixa da farmácia dos livros ilustrados. Junto com estes trabalhos também há a preocupação com um envolvimento direto de pais, crianças e literatura. Além disso, este projeto também se baseia na teoria dos neurônios-espelho, que afirma a simultaneidade de sentimentos em pessoas diferentes. Logo, através da leitura desses livros a criança teria um referencial para pensar seus sentimentos e pensamentos.

Uma literatura fantástica não no sentido de um Edgar Alan Poe, mas, como disse a bibliotecária Bettina: “O fantástico não quer dizer que seja algo não-real, mas sim o que é bom para a imaginação, para a criação da fantasia”. Assim, foram apresentadas algumas idéias contidas na literatura, como: Madassa que não possuía palavras para sua raiva, medo ou tristeza; bichinhos de uma ilha imaginária que atendem a todo pedido da menina Gisela, até aparecer a cobiça; amigos ursos que são abandonados por um deles quando encontram um patinete; Olga que acorda com um barulho cinzento em sua barriga; ou ainda Fiete diferente que busca amigos que também sejam vermelhos e brancos.

Enfim, em um trabalho conjunto com professores, pais, crianças, e bibliotecários, pode-se ajudar na resolução de conflitos e carências, colaborando com o diálogo, o respeito e a cidadania. No final, cada criança pode também aprender a fazer um livro, contando suas histórias e explorando suas vivências interiores.

Sei que este depoimento pode estar mais confundindo do que ajudando... afinal, apenas tive contato com esta idéia na palestra de duas horas e meia das coordenadoras (e com tradução simultânea – não entendo alemão). Mas gostaria de ajudar na divulgação deste projeto que me encantou e que pretendo trabalhar aqui em Curitiba.
(texto escrito em 2008, portanto, fora das normas gramaticais atuais).



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