novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

sábado, 10 de maio de 2014

TODA LETRA - Crônica - Primeiros passos

(Especial para o dia das mães)


erste Schritte
Abro a porta e a vejo. Sentada no sofá. Ela me vê e ri.
Vejo que ela se levanta sozinha e vem andando até mim. Andando! Sozinha!
Os primeiros passos!
Os primeiros passos sem nenhum apoio!
Sem nenhuma ajuda.
Fico apreensiva, mas ao mesmo tempo MUITO surpresa e alegre!
Que delícia!
O sorriso dela corre até mim. Que felicidade.
Sinto um amor enorme por este serzinho frágil que tem uma relação de vidas comigo. Sinto muita ternura e muita felicidade. Vou até ela e a abraço forte.
O amor explode precipitando-se pelo ambiente.
Sinto o aligeirar de lembranças e recordações.
Depois de um mês difícil com altos e baixos. Após a cirurgia, as complicações, as visitas ao hospital, os cuidados extremos de todos da família.
Ah... os primeiros passos. Um símbolo da busca da independência.
Independência que é conquistada com tanta luta, esforço e sacrifício.
Assim, compreendo quando ela fica chateada quando queremos ajudá-la em tudo. Mas ela tem que entender que é uma espécie de retorno de amor.
Quero dar a ela – de forma mínima – um pouco de tudo que ela fez por mim.
As intermináveis noites e madrugadas, com a filha no colo, sem conseguir respirar por causa da maldita bronquite asmática. A mãe carregando a filha e andando pela casa, para ajudar a entrar o ar.
Como eu queria pegar ela no colo e sair por aí com ela, para lhe dar um pouco de novos ares.

Minha mãezinha querida está andando sem o andador!
Compreendo então porque quero tanto ajudá-la. Fico imaginando a alegria dela com os meus primeiros passos. E hoje, o pequeno grande milagre: os primeiros passos.
E o primeiro “passeio” que não foi para ir ao hospital ou a exames médicos. Ela me levou para a faculdade. E me senti como a Susi pequena que era levada pela mãe até o Grupo Escolar Tiradentes.
Quem é mãe? Quem é filha? Apenas conceitos. Somos eu, ela e minha irmã.

O clã feminino da família. O coração pulsante da base familiar! Meus amores.

Um comentário:

  1. Este texto foi escrito em experiência real, depois da cirurgia de minha mãe e da lenta e dolorosa recuperação (com luxação do quadril após poucos dias da cirurgia).

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