Volto. Quarto estranho!
Limpo. Mas... e estes riscos? Estes desenhos quase rupestres? Quem os fez? Quando? Devem
estar aí a eras!
Que
inferno aqui. Que secura. Abrasador, sufocante. Bolinhas brancas de naftalina
espalhadas. Um cheiro quente que gruda no corpo. Sede. Fome. Enjoo. Ânsia.
Olho
ao redor. Em um canto, valises com as minhas iniciais. G.H. Viajei? Vivi?
Lembro de
colegas minhas que já viraram estátuas. E eu? Antissocial. Escondida de todos.
Escondida da vida. Vivo no escuro, pelos cantos, de mim mesma encurralada.
Silêncio!
Um
barulho. Uma presença. E agora? Espio ou não espio? Há algo? Alguém?
Decido.
De soslaio olho pelo vão. Sim! Lá está ela. Aqueles seres estranhos e nojentos.
Agressivos, doentes. Mas... que olhar perdido! Parece tão absorta, tão
pensativa. Parece até humanizada.
Seus
olhos denotam cansaço. Tristeza. Revolta. Parece se sentir tão só. Inventei a
sua presença ou ela está mesmo aqui? Ou dentro de mim? Afinal sou G.H. o mais
íntimo. O meio de C.L.
“Calma!
Fica tranquila. Eu te amo! Com nojo, mas eu te amo.”
Ela me
viu! Parece incerta se troca ideias (ou sentimentos) comigo.
Nossos
olhares se cruzaram e não desviamos nem por um momento sequer. Ah! A
comunicação do olhar. Mais forte que palavras. Ela dentro de mim, como se eu
estivesse digerindo os pensamentos nebulosos dela, os sentimentos em desalinho.
A fome. O vômito. O ovo.
Pelo
brilho no seu olhar me parece que ela tomou uma decisão. Aguardo pacientemente
que ela tome a iniciativa, pois não quero assustá-la. O que ela vai fazer?
O QUE ELA
VAI FAZER????
OQUEELAVAIFAZER????
Não!
Tenho que vol
(Texto: Susan Blum - publicado inicialmente em Musa Rara - http://www.musarara.com.br/g-h) Imagem: retirada da internet.)
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